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Imaginar o futuro num ecrã de cinema

Texto: NUNO GALOPIM, em Berlim

A Cinemateca Alemã acompanha o ciclo retrospetivo da presente edição da Berlinale com “Things to Come – Science Fiction Film”, uma espantosa exposição sobre o universo do cinema de ficção-científica.

O espaço, as sociedades do futuro e os “outros” (que é como quem diz aqueles que não são do nosso mundo) são grandes temas que passam pelo cinema desde que Meliés imaginou primeiras visões de universos que, mais de cem anos depois, representam um universo de relevância na história do cinema. É verdade que foi pela escrita que o fantástico deu os primeiros passos e que devemos à literatura alguns dos momentos mais marcantes e influentes da história da ficção científica. Mas depois dos trabalhos pioneiros da aurora do mudo, de visões de grande ambição com Metropolis ou Aelita ainda nos anos 20 ou de um Things To Come de William Cameron Menzies já nos anos 30, a produção conheceu evoluções em diversos sentidos, sendo títulos como 2001: Odisseia no Espaço (1968) de Stanley Kubrick e A Guerra das Estrelas (1977) de George Lucas marcos que definem momentos de transição que abriram portas a novos desafios e visões. A história destes universos (que muitas vezes passam por outros tempos e por outros lugares) é-nos magnifcamente contada na exposição que a Cinemateca Alemã tem patente até abril.

Dividida em três núcleos a exposição começa por nos colocar no espaço como o cenário que acolhe muitas destas narrativas. Depois visita soluções de arquitetura e de tecnologia que são colocadas ao serviço das sociedades retratadas. E não esquece os “outros” que visitamos, quer robotizados quer alienígenas. Entre inúmeros ecrãs com excertos dos filmes de que se fala, diversos desenhos de storyboards ou de estudos para cenários (de Barbarella a O Império Contra-Ataca), uma série de adereços (como uma das cadeiras vermelhas da estação espacial de 2001, um tricoder de Star Trek ou um modelo do speeder de Luke Skywalker), uma galeria de robots (onde não faltam um cylon de Galactica, o TARS de Interstellar ou o Robocop) e uma de alienígenas (com um dos vilões de O Dia da Independência em destaque, mas juntando ainda um alien e um dos extra-terrestres de Encontros Imediatos de Terceiro Grau), constrói-se uma narrativa que celebra tanto o poder da imaginação dos criadores de histórias como o labor daqueles que pensaram as imagens para as servir.

E mesmo que não dominem o alemão, vale a pena ficar com o catálogo, onde muitas das imagens ali mostradas estão agora bem arrumadas segundo a história que aqui se conta.


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