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20 canções para recordar 2017 (20)

Seleção e textos: NUNO GALOPIM

Recordar episódios de 2017 através de um conjunto de vinte canções… Aqui fica uma primeira revista do ano… As canções vão surgir uma a uma, a cada novo dia…

Foto de: Cristiano Marcelino

É uma forma de revisitar um ano cheio de lançamentos. Vinte canções para evocar vinte episódios marcantes na história de 2017.

Vamos aqui apresentar estas escolhas, uma a uma, ao longo deste mês. Assim sendo, aqui fica mais uma…

“You Make Me Feel”, de António Bastos
Tem por título You Make Me Feel, representa ainda o mais recente single de António Bastos e apresentou-se como um verdadeiro hino para os dias quentes do último verão. O tema deverá integrar o alinhamento do álbum de estreia a solo do músico que outrora integrou o projeto Johnwaynes. Inicialmente previsto para o último trimestre de 2017 o lançamento do disco foi entretanto adiado para 2018.

“Dive”, dos Saint Etienne
Inspirados pelo Brexit, os Saint Etienne definem no novo Home Counties um conjunto de canções que espelham um quadro de contrastes nos quotidianos entre a o quotidiano grande cidade e o mundo rural nas regiões do sul de Inglaterra. Com tempero latino e viço house (que lembra ecos dos primeiros tempos da banda) este Dive foi um dos singles extraídos deste álbum.

“Bofou Safu”, de Amadou & Mariam
No álbum La Confusion, que se sucede a Folila, de 2012, a dupla Amadou & Mariam apresenta um momento de profundos (e bem produzidos) diálogos entre a sua identidade cultural e ecos da cultura pop ocidental que, na verdade, há muito habitam a música desta dupla. Este foi um dos singles extraídos do disco.

“But Isn’t It”, Lindstrøm ft. Frida Sundemo
Apesar de ter já editado três álbuns a solo, só com “It’s Alright Between Us As It Is” o norueguês Hans-Peter Lindstrøm encontrou um digno sucessor da soma de ideias e visões que em 2006 reunira em “It’s a Feedelity Affair”, compilação que juntava alugns dos seus máxis mais marcantes. “But Isn’t It” conta com a colaboração vocal de Frida Sundemo.

“Big Fish”, dos The Gift
Fruto de um trabalho em conjunto com Brian Eno os The Gift apresentaram em Altar um daqueles raros discos que dão novo fôlego, sentido e justificada ambição a uma banda que soma já mais de vinte anos de carreira. Depois de um cartão de visita com Love Without Violins e de Clinc Hope, que representaram as duas primeiras escolhas para singles, coube a Big Fish ser o tema do álbum que mais respirou durante os meses do verão.

“Amar Pelos Dois”, de Salvador Sobral
Não se pode contar a história de 2017 sem esta canção. De resto, de fosse preciso apontar “a” canção que marcou o ano a escolha seria apontada precisamente a Amar Pelos Dois, belíssima composição de Luísa Sobral, com um grande arranjo de Luís Figueiredo e a interpretação única de Salvador Sobral. Era a canção “bonita, mas que não ia a lado nenhum”, como o próprio Salvador descrevia… E ganhou o Festival da Canção. E o Festival da Eurovisão. E arrebatou-nos.

“To The Moon And Back”, Fever Ray
Poucas semanas depois de editado um disco com a memória captada ao vivo da derradeira digressão dos The Knife, Karin Dreijer regressa com um inesperado segundo disco do projeto Fever Ray que parece querer continuar os caminhos que antes seguia na sua velha banda. Esta canção serviu de cartão de visita a um disco que parece claramente ligados às genéticas que associamos ao grupo que, durante anos, manteve em parceria com o seu irmão.

“Se o Tempo não Falasse”, Noiserv com Inês Sousa
A edição de 2017 do Festival da Canção fez história nos mais diversos sentidos. E se a Amar Pelos Dois, de Luísa e Salvador Sobral, coube uma história que alcançou uma dimensão maior, entre as outras 15 canções concorrentes surgiram momentos magníficos, entre os quais esta delicada pérola de Noiserv, na qual David Santos contou com a contribuição vocal de Inês Sousa. Meses passados sobre o momento em que a canção passou pelo Estúdio 1 da RTP, ainda a escuto com uma sensação de encantamento.

“The Gate”, Björk
Este foi o momento em que Björk nos começou a revelar o que seria o disco que, depois de uma etapa de resolução da dor causada por uma separação, uma utopia poderia estar agora pela sua frente.The Gate respira o som das flautas e aborda as filigranas de desenho eletrónico sob uma moldagem que quase confere aos sons uma identidade viva, biológica, em constante movimento. Um dos mais belos singles de Björk, num tempo em que a sua música ruma claramente para além da visão mais clássica do formato da canção.

“Hippopotamus”, Sparks
Quarenta e seis anos depois de terem apresentado o seu primeiro álbum os irmãos Mael – ou seja, os Sparks – apresentam em Hippopotamus um disco pleno de marcas da sua identidade mas com uma das suas mais inspiradas coleções de canções. Desta vez num registo simplesmente… pop clássico. Este é o tema título que, de certa forma, pisca olho às memórias de Lil’Beethoven.

“Los Ageless”, St. Vincent
“Masseduction”, que foi em 2017 o sucessor do álbum ao qual há três anos Annie Clark deu o seu próprio nome artístico, transporta as marcas de identidade autoral de St. Vincent para um espaço pop… Mas numa região demarcada pela sua personalidade. Angulosa, intensa, complexa nas formas, pessoal nas palavras, por vezes desconcertante, e com mais cor do que nunca.

“Wallowa Lake Monster”, Sufjan Stevens
Apresentado como uma ‘mixtape’, The Greatest Gift Mixtape: Outatkes, Remixes & Demos From Carrie & Lowell é um disco-companheiro de Carrie and Lowell. Mas junta ao tom melancólico das canções do álbum de 2015 uma dimensão mais luminosa essencialmente servida por uma mais intensa presença de eletrónicas. Este foi um dos inéditos que ali descobrimos.

“Summer Days”, Dave Depper
Pop eletrónica de primeira água. E que concilia o tom aparentemente festivo da abordagem instrumental com histórias de solidão que a voz nos canta. É finalmente a estreia num disco de originais a solo de um nome a seguir com atenção: chama-se Dave Depper.E este é um dos momentos mais saborosos do alinhamento de Emotional Freedom Technique, um dos discos pop do ano.

“Far Away”, Alexander Search
A partir dos poemas de juventude de Fernando Pessoa, o pianista Júlio Resende concretizou um sonho de juventude e criou a sua banda pop/rock… Chamam-se Alexander Search, têm Salvador Sobral como vocalista, embora na verdade todos os músicos vistam ali a pele de personagens. Foi a maior revelação da música feita entre nós este ano. E este Far Away surge no alinhamento do álbum.

“Mourning Sound”, Grizzly Bear
Após um silêncio de quatro anos os Grizzly Bear reafirmam o seu lugar entre o firmamento indie pop com Painted Ruins, um álbum em tudo fiel à sua identidade, cheio de belas canções e pontualmente com piscadelas de olho mais… pop. Mourning Sound foi o segundo dos quatro temas que a banda apresentou nos meses que antecederam a edição do álbum.

“Cover Me”, Depeche Mode
Ecos de um mundo cada vez mais perturbante passaram este ano pelo disco mais político que os Depeche Mode alguma vez gravaram e que abriu pontes não só temáticas como também musicais com memórias de grandes álbuns criados pelo grupo em meados dos anos 80. Depois de Where’s The Revolution e Going Backwards, este Cover Me foi o terceiro single extraído do alinhamento de Spirit.

“Put Your Money on Me”, Arcade Fire
Lançado no verão, Everything Now foi, até agora, o disco dos Arcade Fire que dividiu mais as opiniões. A verdade é que ali apresentaram uma abordagem, e muito à sua maneira, a visões possíveis da canção pop. E desde quando é que isso pode ser mau? Pelo contrário… Este Put Your Money on Me é, inclusivamente, um dos temas mais irresistíveis de toda a obra da banda.

“City Lights”, de Blanche
Uma entre as canções que desfilaram na edição de 2017 do Eurovision Song Contest, a que representou a Bélgica não só sublinhou a boa colheita recente de propostas dali chegadas (e vale a pena recordar as canções de 2015 e 2016), como confirmou neste City Lights, que há um espaço cada vez mais presente para uma pop nova, elegante e capaz de fazer ali nascer canções que depois podem marcar o ano. Esta foi mesmo uma delas.

“Memories are Now”, Jesca Hoop
Tem 41 anos, vários discos editados e uma história de vida pela qual passam nomes de peso no mundo da música. Mas foi com o seu disco de 2017, Memories Are Now que a californiana nos disse que o mapa da música do nosso tempo teria de estar mais atento às suas canções. Esta é a canção que dá título ao disco (editado no primeiro trimestre do ano).

“Away Away”, Ibeyi
Ao seu segundo álbum a dupla de gémeas franco-cubanas Ibeyi assimilaram ensinamentos aprendidos em dois anos vividos entre palcos e fizeram de “Ash” um disco tão cativante nas formas musicais como poderoso nas palavras e ideias. Este foi um dos singles extraídos de um dos álbuns mais surpreendentes deste ano.

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