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“Charlie” regressa às bancas sem Maomé na capa

Texto: JOSÉ MIGUEL SARDO

O semanário satírico francês não se deixa intimidar e regressa esta quarta-feira com um número em vermelho vivo, com uma tiragem de 2,5 milhões de exemplares e sem Maomé na capa.

Imagem da capa do próximo Charlie Hebdo, revelada pelo jornal "Liberation".

Dois meses depois de ter perdido quatro dos seus mais emblemáticos e corrosivos desenhadores, durante um atentado em Paris, o jornal Charlie Hebdo vai regressar definitivamente às bancas esta quarta-feira. Depois do número de “resistência”, publicado uma semana após o atentado com uma tiragem de mais de 8 milhões de exemplares, a nova edição de 2,5 milhões, está distante dos habituais 50 mil exemplares semanais.

Na capa, em vermelho vivo, o desenhador Luz reuniu os personagens mais criticados pelo jornal, que perseguem o semanário, transportado na boca de um cão. Na multidão, a líder do partido Frente Nacional Marine Le Pen, mas também o Papa, um patrão e um banqueiro, ou um cão negro com uma metralhadora, numa alusão clara aos jihadistas que atacaram o jornal. “É preciso que se fale do regresso de Charlie, mas para dizer que o jornal retoma o seu trabalho, o seu trabalho contra o disparante, contra o FN (Frente Nacional)”, afirma Luz, nas páginas do jornal Liberation.

No interior do jornal, uma entrevista ao novo ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis e vários textos e desenhos sobre o processo de DSK, prometem prosseguir a linha de jornal insubmisso e insubordinado, longe do politicamente correcto, como um longo artigo humorístico sobre a recente profanação de um cemitério judaico em França.

Um regresso em força depois do atentado de há dois meses ter, ao mesmo tempo, vitimado os grandes “lápis” da publicação, assegurando, ao mesmo tempo, a sobrevivência económica do jornal graças à vaga de solidariedade que levou milhares a assinarem o periódico – como Arnold Schwarzeneger – ou a enviarem donativos para garantir que a voz do Charlie não se cala.

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