Os dez melhores singles dos The Cure (nº 10)
Seleção e textos: NUNO GALOPIM
Emergiram num tempo de ebulição e assimilação de novas regras e possibilidades lançadas pelo punk. E entre os seus primeiros discos essa urgência é visível… Mas o tempo alimentou a obra dos The Cure com muitas outras referências e desafios. Entre ecos da literatura e visões de imagens pensadas com sons, as canções talharam um rumo que muito deve também à personalidade de Robert Smith, a voz e grande timoneiro de toda esta aventura.
Depois de uma etapa inicial vivida em clima pós-punk, a música dos The Cure entrou numa fase feita de desafios maiores, curiosamente conquistando nesse processo uma progressivamente mais vasta plateia de admiradores até chegar a um patamar de visibilidade mainstream sem que isso tenha condicionado opções ou aberto frentes de cedência.
Há uma tendência em associar os The Cure a uma certa negritude sombria que deles fez um nome muitas vezes associado ao rock gótico. Mas não faltando sombras – e o álbum “Disintegration” é dos discos mais assombrados de sempre – a verdade é que não faltou nunca cor à música dos The Cure, verdade que os telediscos, muitos deles do seu colaborador regular Tim Pope, foram traduzindo. E na hora de escolher dez singles marcantes da discografia dos The Cuure, fica aqui claro que há aqui cor, desafio e muitos sabores…
10º “Why Can’t I Be You” (1987)
O sucesso tinha começado a transformar a perceção global sobre os The Cure. Eram uma banda a viver já sob aclamação crítica e com seguidores desde muito cedo mas a partir de 1983 as suas canções começaram a chegar mais longe e a cada vez mais vastas plateias. E já com vários singles e álbuns editados, a compilação “Standing on a Beach” tinha consagrado esse estatuto global em 1986. O passo seguinte seria a edição de um álbum duplo que acentuaria mais ainda essa caminhada de conquista de atenções, com efeitos evidentes sobretudo no outro lado do Atlântico. “Kiss Me Kiss Me Kiss Me” é um disco aberto a várias influências, entre as quais as cores e sabores das tradições de metais do rhythm’n’blues que são refletidas no single de apresentação que representa uma das mais vincadas apostas dançáveis da obra dos The Cure.
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