Os Red House Painters voltam em 2015 a fazer-nos chorar
Texto: PEDRO PRIMO FIGUEIREDO
O Record Store Day, dedicado a celebrar a existência de lojas de música de proximidade direta com os melómanos, é o mote para a reedição dos primeiros quatro discos dos Red House Painters em vinil. Criado em 2007, e a realizar-se este ano a 18 de abril, o Record Store Day deste ano levou a mítica 4AD a promover o legado dos Red House Painters, banda icónica liderada por Mark Kozelek, o senhor Sun Kill Moon.
Numa edição limitada a 1500 cópias, a caixa, de título Red House Painters, incluirá os discos Down Colorful Hill (1992) os dois títulos intitulados Red House Painters (também conhecidos como Rollercoaster e Bridge, ambos de 1993), e Ocean Beach (1995). A este último junta-se um segundo vinil com o EP Shock Me, de 1994.
Formados em 1989, os Red House Painters viriam a editar ainda mais dois discos para além dos quatro que agora serão reeditados: Songs for a Blue Guitar, de 1996, e Old Ramon, em 2001, foram os últimos trabalhos do grupo.
Posteriormente, Kozelek continuou a fazer música em nome próprio ou enquanto Sun Kill Moon – 2014 viria a ser o ano de maior popularidade de sempre do músico, provavelmente, com os aplausos críticos a Benji, sexto álbum enquanto Sun Kill Moon. A 2 de Junho o músico editará o sucessor de Benji, Universal Themes, e ainda este verão tocará em Portugal, no festival NOS Primavera Sound, no Porto.
Voltando aos Red House Painters e ao panorama indie dos anos de 1990, importa lembrar o papel de Mark Eitzel, líder dos American Music Club, no trajeto do grupo. Foi Eitzel que enviou para a 4AD a primeira demo do grupo. Diz a lenda que a demo tinha 90 minutos e o patrão da editora, Ivo Watts-Russell, ficou convencido do potencial da banda com a faixa de abertura, 24.
Em 1992 surgiriam o primeiro álbum, que recolhia parte das demos em novas gravações, e 1993 viu a banda dar o salto para a maioridade artística: foi o ano em que saíram dois discos com o nome do grupo, distintos na capa e que são ainda hoje tratados pela imagem da mesma: Rollercoaster (montanha-russa) e Bridge (ponte) são tratados melancólicos sobre o amor, desamor, vida e morte, álbuns tidos como essenciais para todos os apreciadores de rock lento, arrastado e sofrido. Katy Song, Grace Cathedral Park, Mistress e Shock Me são algumas das canções mais fundamentais do grupo e datam de 1993.
Ocean Beach, dois anos depois, é um álbum mais direto e com temas mais curtos. A intensidade nas letras e os temas das mesmas, contudo, não eram parentes distantes da obra anterior de Kozelek e companhia. Este viria a ser o último disco editado pela 4AD e é o álbum que fecha as reedições em vinil que abril trará ao mundo.
A popularidade recente de Kozelek e do projeto Sun Kill Moon pode servir para novos melómanos chegarem em 2015 aos Red House Painters. Os fãs de sempre, esses, têm novo pretexto para voltarem a chorar os desamores de outros anos. Sai um pacote de lenços de papel para a mesa do canto…

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