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Richard Glatzer (1952-2015)

Texto: NUNO CARVALHO

Richard Glatzer, que com Wash Westmoreland, seu marido, realizou ‘O Meu Nome É Alice’ (que deu o Óscar de Melhor Atriz a Julianne Moore), e que sofria de esclerose lateral amiotrófica, morreu aos 63 anos.

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Richard Glatzer, que correalizou com Wash Westmoreland, seu marido, O Meu Nome É Alice, morreu anteontem, aos 63 anos. O realizador sofria de esclerose lateral amiotrófica (ALS, na sigla em inglês), doença neurodegenerativa também conhecida como doença de Lou Gehrig. A condição fora-lhe diagnosticada em 2011, mas Glatzer continuou a fazer filmes juntamente com Westmoreland, seu colaborador de longa data. Mesmo quando apenas conseguia comunicar através de um dedo, o que sucedeu na rodagem de O Meu Nome É Alice, em que o realizador se socorreu de uma aplicação do seu iPad para comunicar.

O casal de realizadores esteve para comparecer na cerimónia de entrega dos Óscares, na noite de 22 de fevereiro, mas tal revelou-se impossível devido ao agravamento da saúde de Glatzer, que sofreu uma paragem cardíaca, tendo o seu coração de ser reanimado por cinco vezes. No entanto, conseguiram assistir à cerimónia pela televisão e arranjar champanhe e, quando Julianne Moore foi anunciada como a vencedora do Óscar de Melhor Atriz, celebraram tão estrondosamente que uma equipa de enfermeiras veio a correr pensando tratar-se de uma emergência. Aliás, no seu discurso de agradecimento, Moore prestou homenagem a Richard Glatzer referindo que, quando este foi diagnosticado com ALS, Westmoreland lhe perguntou se queria viajar pelo mundo, tendo aquele respondido que queria fazer filmes, que foi o que realmente fez.

Quando foram abordados para adaptar o livro homónimo de Lisa Genova, Glatzer e Westmoreland ficaram com dúvidas se seriam capazes de o fazer. Contudo, os paralelismos entre a doença de Glatzer e o Alzheimer de que sofre a protagonista de O Meu Nome É Alice (interpretada por Moore) tornaram a tarefa mais fácil. O filme, um retrato tocante e nada sentimentalista de uma professora universitária de 50 anos diagnosticada com uma forma rara e precoce de Alzheimer, foi rodado em quatro semanas e meia e conta ainda no elenco com Alec Baldwin, Kristen Stewart, Kate Bosworth e Hunter Parrish.

Glatzer e Westmoreland ganharam visibilidade em 2001 com Fluffer, um drama ambientado na indústria porno gay. Cinco anos depois, venceriam no Festival de Sundance os prémios do público e do júri por Quinceañera, um drama familiar mexicano-americano. No entanto, antes de trabalhar com o seu marido (que conheceu numa festa em 1995), o nova-iorquino Richard Glatzer iniciou a carreira como produtor de reality shows, tendo também assinado o drama indie Grief, que arrebatou o prémio máximo no Festival de Turim de 1994. Glatzer e Westmoreland produziram ainda o filme Pedro (2008), de Nick Oceano, escrito por Dustin Lance Black (o argumentista de Milk, de Gus van Sant), sobre o primeiro homossexual com VIH a aparecer num reality show, na MTV.

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