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Celebrar o Cinema Italiano com homenagens, estreias e novos talentos

Texto: RUI ALVES DE SOUSA

A 8 ½ Festa do Cinema Italiano regressa ao São Jorge e à Cinemateca Portuguesa. E depois de passar por Lisboa, entre 25 de março e 2 de abril, o festival vai viajar por outros pontos do país.

Poster de "Que Estranho Chamar-se Federico", de Ettore Scola

A oitava edição da Festa do Cinema Italiano tem como mote uma imagem que relembra o célebre A Doce Vida, acompanhada pela hashtag “italians do it better”. Fazendo melhor ou não, certo é que o cinema italiano tem características próprias que o diferencia dos outros. E além de Fellini (que será recordado através do novo filme de Ettore Scola, Que Estranho Chamar-se Federico), teremos outros ícones da cultura cinematográfica italiana a serem também homenageados neste festival.

Sergio Leone é um dos principais destaques desta Festa, e o alvo de uma retrospetiva quase integral. À falta de O Meu Nome é Ninguém, título que co-realizou, os espectadores serão recompensados com a exibição dos clássicos westerns spaghetti do realizador, vários deles em cópias digitais restauradas. A acrescentar a O Colosso de Rodes (primeiro filme de Leone), à trilogia dos dólares com Clint Eastwood e aos dois westerns que se seguiram (Aconteceu no Oeste e Aguenta-te Canalha!), está incluído neste ciclo o canto de cisne do realizador, Era Uma Vez na América. O drama protagonizado por Robert de Niro será apresentado na sua versão “director’s cut”, inédita em Portugal, e que conta com várias cenas excluídas da montagem final.

Por falar em nostalgia, vale a pena também referir que Cinema Paraíso, de Giuseppe Tornatore, filme vencedor do Óscar de Melhor Filme Estrangeiro, será exibido numa versão restaurada em 4K. Há ainda, na secção Panorama a memória da poesia de Giacomo Leopardi, graças à exibição do filme Il Giovane Famoso, de Mario Martone, e poderá ser descoberto o novo filme do veterano Ermanno Olmi (Torneranno i Prati, um olhar dramático e angustiante sobre o desespero e o medo em tempo de guerra). As sessões de abertura e encerramento do festival terão dois filmes exibidos em antestreia nacional, e que mais tarde chegarão ao circuito comercial: As Maravilhas de Alice Rohrwacher, e O Rapaz Invisível de Gabriele Salvatores. O festival terá também a antestreia, exclusiva a nível internacional, da comédia Nós e a Giulia, de Edoardo Leo, e a exibição de todos os episódios da série Gomorra (adaptação do livro de Roberto Saviano que já tinha originado um filme).

Mas como já é habitual, na Festa vamos também poder tomar contacto com as novas promessas do cinema italiano, bem como os novos trabalhos dos nomes que marcam a atualidade cultural do país. Na secção Competitiva do festival estarão presentes filmes marcantes do cinema moderno de Itália, como o thriller neo-noir Almas Negras, de Francesco Munzi, que foi aplaudido entusiasticamente no Festival de Veneza. De assinalar também nesta secção o regresso de Asia Argento com Incompresa, uma história surreal passada na Itália dos anos 80, e por fim, a presença de Short Skin, um filme sobre a sexualidade masculina realizado por Duccio Chiarini, e que também estreou em Veneza.

Outra tradição da Festa do Cinema Italiano é a secção de filmes alternativos, que propõem novas linguagens ou estéticas. Este ano na Altre Visioni foram selecionados três filmes: o bizarro Abacuc, de Luca Ferri, o experimental N-Capace, de Eleonora Danco, e o poético documentário Il Treno Va a Mosca, de Federico Ferrone e Michele Manzolini.

E da cultura italiana se faz também esta Festa, já que vai contar com mais um cine-jantar especial (inspirado pelo filme Roma de Fellini), e com vários debates e iniciativas literárias e infantis, além de outros eventos em que participarão vários convidados internacionais (como o crítico e jornalista Francesco di Pace e os realizadores Duccio Chiarini, Saverio Costanzo e Alice Rohrwacher, que apresentarão os seus filmes no festival).

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