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No princípio era a versão

Texto: PEDRO PRIMO FIGUEIREDO

Mazgani é um dos bons e seguros valores da música portuguesa. Nascido no Irão, lança por estes dias Lifeboat, o seu quarto disco de estúdio. É um disco composto só por versões.

Shahryar Mazgani chega a 2015 com o intuito de pegar em temas alheios e deles se apropriar com convicção e o habitual bom gosto. “Houve uma vontade, uma intenção de gravar este disco só com versões, mas de certa forma também foi algo espontâneo”, começa por nos dizer, sublinhando que foram gravadas “muitas canções em cerca de uma semana”.

“Tudo isto envolveu algum trabalho de pesquisa. Tive de saber mais ou menos o fio condutor, encontrar uma temática, uma estética, que casasse um corpo de obra que é bastante díspar”, acrescenta. Lifeboat – que é apresentado ao vivo esta quinta-feira, no Lux (Lisboa), e no dia 23 de Maio no Hardclub (Porto) – junta repertório de nomes como Leonard Cohen, Bee Gees, Elvis Presley, Cole Porter ou PJ Harvey, entre outros.

E qual foi o critério para escolher este repertório? “Acima de tudo o gosto pessoal”, diz, enaltecendo a “vontade de cantar estas canções” e o “desafio “ de tornar próprio o repertório alheio.

Prossegue Mazgani: “Estivemos todos [os músicos] na mesma sala a tocar em take direto. Não havia rede e estávamos a partilhar o espaço de uma forma que implicava que o erro de um seria o erro de todos. Todos os microfones estiveram a captar tudo o que estava a acontecer”, vinca.

Antes de Lifeboat, Mazgani editou Common Ground, em 2013, disco que o estabeleceu como compositor de vincada identidade no panorama musical português. O último registo de originais do músico e compositor foi gravado em Bristol e foi produzido por John Parish (PJ Harvey) e Mick Harvey (Nick Cave & The Bad Seeds).

Um disco, diz-nos em jeito de remate final, “é um bocadinho como uma pedra no sapato. É uma coisa que deitas cá para fora, está feito, tens de partir para outra. Corriges os discos que fizeste com outro. Falhas melhor, se for possível”.

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