2012. Retrato de palco em regime “best of”
Texto: NUNO GALOPIM
Com o seu mais entusiasmante álbum editado desde os dias de Rio como ponto de partida e com evidentes afinidades entre as sonoridades trabalhadas em All You Need Is Now e as memórias da sua música entre 1981 e 82, na hora de levar as novas canções ao palco, em vez de juntarem aos novos temas algumas canções com as quais estas pudessem estabelecer pontes e criar um alinhamento feito de jogos de afinidade, os Duran Duran optaram pelo registo da chuva de êxitos, repetindo, como o tinham feito em quase todas as últimas digressões (exceção para a que acompanhou Red Carpet Masscare, com o desafiante electro set a meio do concerto) uma mera repetição de mais do mesmo. Os concertos tornaram-se assim, com apenas pontuais diferenças, uma seleção de grandes êxitos e um lote de temas do álbum mais recente.
A ideia de abordar velhos temas em função dos caminhos que um novo disco possa tomar nem é alienígena ao historial dos Duran Duran. A Working For The Skin Trade Tour, que acompanhou Notorious, mostrou incursões transformadoras pela memória. Basta lembrar a visão mais elétrica de Hungry Like The Wolf, por exemplo. Em contrapartida o clima unplugged em voga em inícios dos noventas, as sessões para rádio que precederam o Wedding Album e a própria alma de Ordinary World justificaram na digressão An Acoustic Evening With Duran Duran um momento de novas abordagens a velhas canções. Já o eletro set que surgia a meio dos concertos que apresentavam Red Carpet Massacre evocava as raizes kraftwerkianas da música dos Duran Duran, juntando temas que há algum tempo nem tocavam (alguns deles de Big Thing) e uma versão de Warm Leatherette, dos The Normal. Esta última digressão não teve qualquer registo live editado. A que acompanhou Notorious surgiu originalmente em vídeo e tem hoje uma representação digital em Live at the Beacon Theatre (NYC 31st August 1987). A noite unplugged andou servida, às fatias, em lados B de singles. E nunca teve direito um álbum ao vivo. Ou seja, as digressões em que houve um investimento maior na criação de versões ou alinhamentos diferentes, estão fora do corpo de memórias de palco editadas em disco. E discos ao vivo que são álbuns com palminhas pelo meio não são coisa decididamente entusiasmante.
A Diamond In The Mind – Live 2011 não é assim mais senão “mais” um best of, todavia tocado ao vivo e com apenas quatro canções novas – ou recentes, porque vindas já de um álbum de estúdio – num alinhamento de 14 (falamos da versão CD e download digital).
Daí que, tal como acontecera com Arena (1984) e nos registos Live From London (2005) e Live at the Hammersmith Odeon 82 (2009) – estes dois na verdade são extras áudio de edições que tinham o vídeo como protagonista – também este Diamond in the Mind não gerou ainda um disco ao vivo que mostre mais do que mais uma variação desse modelo menos esforçado de pensar um alinhamento. O mapa dos lançamentos live dos Duran Duran inclui ainda uma série de títulos, em edição limitada, captados em concertos que precederam Astronaut – e nos quais surgem alguns temas que acabariam fora do disco de 2004. E junta ainda edições digitais que, além desse registo em 1987 já citado recua ainda aos dias de 1981 em BBC In Concert: Hammersmith Odeon 17th December 1981, As The Lights Go Down (uma gravação mais pungente da Sing Blue Silver Tour do que aquela que escutamos em Arena) e BBC In Concert: Manchester Apollo, 25th April 1989.
O melhor dos retratos da obra ao vivo dos Duran Duran tem-se feito em vídeo. E da mesma safra que gerou A Diamond in The Mind – Live 2011 (também editado em DVD e Blu-ray) há o registo de uma experiência mais rica em acontecimentos – musicais e visuais – e com convidados em cena, em Duran Duran Unstaged, filme-concerto realizado por David Lynch.

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