Alan Rickman (1946-2016)
Texto: JOÃO FERNANDES
Ao longo da sua carreira profissional como ator, Rickman notabilizou-se por encarnar de forma memorável, nos últimos anos, o professor Snape, da saga Harry Potter, o coronel Brandon na adaptação de Ang Lee do romance Sensibilidade e Bom-senso, e também Harry, o marido emocionalmente infiel na comédia romântica natalícia Love Actually – o Amor Acontece.
Apesar disso, foi no teatro que conseguiu deixar pela primeira vez a sua marca, ao desempenhar o papel de Viscomte de Valmont em 1985, na adaptação ao palco de Les Liaisons Dangereuses, que lhe valeu uma nomeação ao prémio Tony para melhor ator numa produção teatral. No cinema ficou conhecido ao tomar para si o papel de vilão, como Hans Gruber no filme Die Hard-Assalto ao Arranha Céus, de 1988, ou como o Xerife de Nottingham no filme Robin Hood:O Príncipe dos Ladrões, de 1991, entre muitos outros.
Recusou contudo ser formatado no molde de vilão, e apareceu muitas vezes em comédias, como a paródia sci-fi Galaxy Quest e a sátira religiosa Dogma, ambos de 1999. Mais recentemente, em 2005, deu a sua voz ao andróide Marvin no filme Hitchiker’s Guide to the Galaxy.
A carreira diversificada e a ausência de constrangimentos pessoais ao aceitar papéis de figuras cómicas, por vezes vistas como menores, deu-lhe junto do público o apreço e o reconhecimento que lhe faltaria por via dos prémios, nunca tendo ganho um Oscar. Contudo, venceu um Globo de Ouro e um Emmy pelo seu desempenho como Rasputin num telefilme de 1996 sobre o monge místico russo, e um Bafta pelo seu Xerife de Nottingham.
Ganhar prémios, no entanto, nunca foi a sua maior preocupação. Sendo desde muito jovem politicamente ativo no Partido Trabalhista britânico, e dedicado, ao longo da sua vida, muito tempo a apoiar entidades de beneficência pública, manifestou publicamente várias vezes o seu compromisso com a arte da representação no teatro e em filme como uma força de mudança no mundo, através do seu público, que Alan Rickman sempre procurou não apenas entreter, mas também educar.

Deixe um comentário