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“House of Cards”: o efeito Frank e Claire

Texto: NUNO CARDOSO

A complexa luta de egos entre Frank e Claire Underwood, mérito de Kevin Spacey e Robin Wright e de um argumento inteligente, é uma das chaves do sucesso da série.

Ginger Rogers e Fred Astaire. Fox Mulder e Dana Scully. Batman e Robin. Will e Grace. Thelma e Louise. Egas e Becas. Han Solo e Chewbacca. No que toca à ficção, há pouca coisa que nos consiga entusiasmar e prender ao ecrã – grande ou pequeno – mais do que a química exemplar entre dois atores.

Sem querer minimizar os outros valores de House of Cards nas suas várias vertentes, entre elas um dos argumentos mais inteligentes dos últimos tempos na TV, a dinâmica entre Frank e Claire Underwood é talvez o maior pilar sobre o qual assenta a popularidade e os elogios da crítica ao drama político criado por Beau Willimon e que regressa hoje a Portugal com a sua quarta temporada no TV Séries, às 23.00, e amanhã, domingo, no Netflix (pela primeira vez e ao ritmo de um episódio por semana).

A série que mostra os bastidores da Casa Branca e as consequências do poder e da corrupção entre as suas principais figuras tem em Kevin Spacey e Robin Wright a sua galinha dos ovos de ouro. Implacáveis na sua ambição, o presidente e a primeira-dama dos EUA mais famosos da ficção têm protagonizado uma luta de egos onde o amor e o ódio não só caminham em paralelo de mãos dadas como se misturam e camuflam entre si.

Duas galardoadas interpretações de Spacey e Wright de tamanha complexidade que nos leva a mudar de opinião sobre as intenções e sentimentos de ambos à velocidade com que Frank Underwood aniquila inimigos.

E se nos habituámos a ver, nos últimos três anos, o casal de House of Cards junto para o bem e para o mal – uma espécie de parceiros no crime –, a quarta temporada mostrará uma nova dinâmica entre os protagonistas da aclamada série, com uma aliança recentemente quebrada e que deixa várias portas em aberto para o futuro de Frank e Claire.

Com duas personalidades tão grandes quanto a sua sede de poder, a profundidade escrita e interpretada de Frank e Claire (demasiado parecidos em tudo o que isso traz de vantagens e desvantagens para uma união a dois) mostra-nos que uma relação de unha e carne pode ter tantos pilares como fragilidades.

A ironia neste duo, cada vez mais evidente à medida que a trama se desenvolve, é que aquilo que os tornou um casal implacável, respeitado e temível aos olhos dos inimigos – possíveis e concretos –, é precisamente a única coisa capaz de os destruir: a descontrolada ambição pelo poder.

A avaliar pelo primeiro episódio, a quarta temporada promete um Frank ainda mais impiedoso e uma Claire mais decidida do que nunca, com aspirações políticas como nunca teve até aqui. Os 13 novos capítulos antecipam, também, uma maior aproximação, intencional ou não, à realidade, rumo às eleições presidenciais norte-americanas de 2016 no mundo real e no pequeno ecrã.

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