Os animais invencíveis e o aprendiz humano
Texto: RUI ALVES DE SOUSA
Êxito de bilheteira no Japão, O Rapaz e o Monstro é uma aventura divertida e bem humorada, com um espírito familiar, pertencente a um tipo de histórias que se tornou comum nos animés, tanto no cinema como na televisão. Não será por acaso que Hosoda esteja ligado a universos animados emblemáticos para a geração que, entre os finais dos anos 90 e os primórdios do terceiro milénio, via programas com “bonecos” japoneses exibidos pelos canais generalistas – falamos de One Piece e, sobretudo, de Digimon.
É esta série que O Rapaz e o Monstro faz lembrar: ao centrar-se na demanda de um pequeno rapaz que se sente perdido na vida urbana, e que acidentalmente vai parar a um mundo paralelo, habitado por “monstros”. São animais de todas as espécies, que falam, competem entre si e, imagine-se!, praticam artes marciais. Ren, o garoto protagonista do filme, torna-se o aprendiz de um mestre sem trabalho – e entre momentos mais ou menos interessantes, lá vamos acompanhamos o crescimento do jovem entre dois mundos (na arte das lutas e, acima de tudo, na sua construção como um ser humano), e o companheirismo que vai crescendo entre o professor e o seu aluno.
Se esquecermos a mitologia simplista e típica deste género (que ganha proporções demasiado inverosímeis e preguiçosas), e a realização banal e formatada de Hosoda, temos em O Rapaz e o Monstro um bom motivo de entretenimento para todas as idades. Os mais pequenos vão gostar mais do que os adultos, obviamente, mas o humor do filme e das personagens sustenta a atenção tanto dos pequenos como dos mais crescidos. É aí que temos a grande força desta história animada, que se vê com gosto, e que será facilmente esquecida, daí a umas semanas, pelos seus espectadores. Há aqui diversão suficiente que sustente as duas horas que o filme demora a mostrar-nos as múltiplas facetas desta aventura.

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