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Quando a cor do sucesso é laranja

Texto: NUNO CARDOSO

“Orange Is The New Black”, a série mais vista da Netflix, está de volta com a quarta temporada. Com a entrada de novas reclusas na prisão de Litchfield, a exploração da natureza humana ganha novo fôlego.

O que é que acontece quando uma vida termina e outra começa? No que é que nos transformamos durante esse virar de página? O que queremos? O que não queremos? De que forma nos voltamos a encontrar a nós próprios? As questões consequentes de erros no passado e delimitadas por quatro paredes, atrás das grades de uma prisão, e que sempre foram um dos principais motores do sucesso de Orange Is The New Black, estão mais presentes do que nunca na quarta temporada da série de comédia e drama – mais a primeira do que a segunda, efetivamente – que se estreou há uma semana via Netflix – em território português também.

É com a chegada de um grande grupo de novas reclusas a Litchfield que arranca a atual temporada da série mais vista na plataforma de streaming ao nível global – a Netflix não divulga audiências mas já confirmou esta informação. Algo que vai realçar, nos 13 novos capítulos, a espinha dorsal da série norte-americana no que toca às suas referências à sobrevivência da natureza humana. Quem tem o poder na prisão feminina de Orange Is The New Black? Quem não o tem? Quem o quer? E mais importante do que tudo: quem o merece?

A quarta temporada tem sido descrita pela imprensa internacional como a mais dark de todas, mas para quem ainda só viu o primeiro terço dos episódios – que é aqui o caso – isso não está completamente explícito. Isto porque, contam os media da especialidade, os momentos mais sombrios estão guardados para o final da temporada. Mesmo contando com uma morte no arranque da temporada – mas o que é isso num mundo ficcional que é coabitado por A Guerra dos Tronos e The Walking Dead?

Amor, família, tensão, revolta, caos, amizade, fé, solidão. Os ingredientes que marcam a série criada em 2013 por Jenji Kohan, baseada na história verídica de Piper Kerman, norte-americana ex-reclusa que empresta o primeiro nome à protagonista da trama, continuam a marcar o ADN da quarta temporada.

Ainda assim, é visível o destaque dado nesta nova leva de episódios a duas atrizes em particular, no que respeita ao humor. Taystee (interpretada por Danielle Brooks) e Lolly (Lori Petty) ganham agora um novo fôlego na trama e protagonizam algumas das cenas mais hilariantes do primeiro terço desta nova temporada. Talvez, quem sabe, um piscar de olho às próximas nomeações dos Emmy deste ano. E não é de estranhar – Uzo Aduba, a norte-americana que dá vida a Crazy Eyes na série, uma das personagens mais caricatas e cómicas da trama, é a única atriz de Orange Is The New Black que já foi galardoada nos Emmy – e por duas vezes já.

Piper Chapman (interpretada por Taylor Schilling), a protagonista da série, mantém o seu tom morno nesta primeira temporada, pelo menos no seu primeiro terço, quer na prestação da atriz, quer na importância da história, principalmente quando comparada com outras personagens da trama da Netflix. Algo que já aconteceu nas temporadas anteriores e que talvez seja intencional – para agradar a uma maior variedade de públicos e não despertar ódios de estimação.

Destaque ainda para a transgénero Laverne Cox (na vida real e também na série), que, apesar de não ter uma grande presença no primeiro terço dos novos capítulos, protagoniza no quarto episódio uma das cenas mais intensas, revoltantes e bem conseguidas da nova temporada.

Também de referir – pela primeira vez, uma personagem fixa do elenco de Orange Is The New Black está prestes a sair da prisão, o que desencadeia um desabafo sincero, em novo território explorado, sobre os seus medos, inseguranças, dúvidas e, curiosamente, a dor de deixar quem fica para trás, na prisão.

Com 16 nomeações e quatro vitórias nos Emmy, e o aplauso generalizado dos críticos, Orange Is The New Black chegou, viu, venceu e conquistou o seu espaço e identidade no universo da ficção do pequeno ecrã – e, de resto, elogios por ter um dos elencos mais diversificados na questão racial dos últimos tempos, numa altura em que se fala tanto sobre este tema na indústria da ficção. De tal forma que a Netflix já renovou a série até à sétima temporada. Feitas as contas, a prisão feminina de Litchfield está para ficar até, pelo menos, 2019. A cor do sucesso é laranja, pelo menos no pequeno ecrã…

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