Missões tripuladas a Marte? Para já existem as de ler… (1)
Seleção e texto: NUNO GALOPIM
Assinalam-se este mês os 40 anos sobre o dia em que a sonda da NASA Viking 1 chegou ao solo marciano, tornando-se assim na primeira a ali chegar e concluir a sua missão. Foi a 20 de julho de 1976 que a Viking 1 atingiu o solo, na Chrysse Planitia, enviando ainda nesse dia para a Terra uma primeira imagem da superfície que revelou uma paisagem desértica, coberta de rochas de várias dimensões.
Quarenta anos depois, recordamos aqui dez momentos nos quais, através dos livros, o homem projetou, entre medos e sonhos, um passos seguinte, até agora ainda não concretizados: uma missão tripulada ao Planeta Vermelho.
Mars Trilogy, Kim Stanley Robinson
“Red Mars” (1993), Green Mars (1994), “Blue Mars (1996)
Do vasto (e fértil) campo que a imaginação teceu ao longo dos tempos com Marte por cenário, a trilogia que o norte-americano Kim Stanley Robinson publicou nos anos 90 é de todas a mais ambiciosa, mais ampla na dimensão do espaço e tempo que abarca e mais empolgante enquanto leitura. Num arco de tempo entre as décadas de 20 dos séculos XXI e XXIII, a saga começa por acompanhar a missão dos cem primeiros colonizadores. E desde logo o autor junta à trama de aventura elementos das várias ciências convocadas ao feito em marcha, não esquecendo nunca nem os planos da psicologia das personagens, a sua relação enquanto elementos de uma nova sociedade e, à medida que o tempo passa e a Terra vai ficando mais longe nas suas vivências, a aurora de novas consciências políticas. Os títulos dos volumes sugerem o avançar de um processo de progressiva terraformação e mudança de hábitos e objetivos, traçando retratos sobre o nascimento de um novo mundo (ao qual nem falta uma revolução e as lutas entre ideologias que até aí tinham apenas germinado no planeta vizinho). O impacte destes livros amplamente premiados (os dois primeiros receberam o Nebula, os dois últimos o Hugo) foi tal que, em 1999, Kim Stanley Robinson publicou The Martians, um complemento com contos, ensaios e ideias que depois desenvolveu na trilogia. Durante anos James Cameron teve os direitos para uma adaptação. Esses estão agora nas mãos da Spike TV, porém a produção está em modo de pausa desde março deste ano. Espantosamente, uma das melhores obras de literatura de ficção científica não teve ainda tradução portuguesa.

Deixe um comentário