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Quatro dias para ver cinema argentino em Lisboa

Texto: NUNO CARVALHO

Entre 14 e 17 deste mês, o AR – 1.º Festival de Cinema Argentino vai esboçar um olhar panorâmico sobre a mais recente produção de uma cinematografia que atravessa um momento de pujança criativa.

"Dos Disparos"

Com o intuito de esboçar uma panorâmica sobre o momento pujante que vive o cinema argentino, mostrando alguns dos títulos mais recentes que se produzem nesse país, a VAIVEM, produtora e distribuidora audiovisual com base em Buenos Aires e Lisboa, vai organizar o AR – 1.º Festival de Cinema Argentino, que entre 14 e 17 deste mês decorrerá no Cinema São Jorge, em Lisboa. Os filmes escolhidos para a mostra datam de 2014, quase todos inéditos e constituem um conjunto de seis longas-metragens de ficção, dois documentários e oito curtas-metragens.

A abrir o festival, no próximo dia 14, pelas 20h00, na sala 3 do Cinema São Jorge, será projetado o filme El Escarabajo de Oro, de Alejo Mogillansky e Fia-Stina Sandlund, um encontro entre uma artista sueca ultrafeminista e um irreverente cineasta argentino sob o signo de Edgar Allan Poe. Fazem também parte da programação de longas de ficção os filmes Mauro, de Hernán Rosselli, e La Salada, de Juan Martín Hsu, ambas primeiras obras de realizadores que dão passos bastante seguros na construção de um universo próprio. E ainda obras de cineastas consagrados como Dos Disparos, de Martín Rejtman (já exibido entre nós no ano passado no LEFFEST), La Princesa de Francia, de Matias Piñeiro, que aqui encerra uma trilogia shakespeariana em que explora o mundo das personagens femininas das comédias do dramaturgo inglês, e Lulú, de Luis Ortega, centrado em dois adolescentes que vivem nas ruas de Buenos Aires, e com Nahuel Pérez Biscayart, protagonista de Glue (2006), de Alexis dos Santos.

Carta a Un Padre, de Edgardo Cozarinsky, uma espécie de cartografia pessoal sobre um realizador à procura do rasto do pai, e Living Stars, de Gastón Duprat e Mariano Cohn, um filme coral que ensaia uma panorâmica quase antropológica sobre um conjunto de personagens reais que vivem na capital argentina, são as propostas no campo do documentário.

O AR – 1.º Festival de Cinema Argentino propõe uma amostra e panorâmica sobre uma cinematografia que na primeira década deste século “despertou com uma enorme frescura criativa, resultado de um novo contexto político e económico, nem sempre estável, é certo, mas favorável à indústria cinematográfica”. Um cinema que, como escreve o embaixador argentino em Portugal, Jorge Argüello, “não é fruto da casualidade, mas da feliz sinergia entre o talento dos nossos atores, a criatividade dos realizadores, das produtoras nacionais de primeiro nível e um Estado argentino com a firme decisão de apoiar o cinema nacional. (…) Porque a produção cinematográfica nacional, a das ficções de todo o tipo, de documentários e curtas-metragens é entendida no meu país como uma questão de Estado”.

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