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Ecos de uma canção

Texto: NUNO CARVALHO

Foi ao som de Because the Night que Patti Smith encerrou o memorável concerto que deu numa noite de sábado de finais de 2001 no hoje abandonado Pavilhão Carlos Lopes e que assinalou a sua primeira passagem por palcos portugueses. Como o verso do poeta português Luís Miguel Nava que diz “carne onde ainda vibram do extinto amor os ecos”, diria que os ecos desse Because the Night tocado já em encore e a fechar o concerto no Festival Número ainda ressoam na minha memória afetivo-sonora. Sobretudo porque tinha 24 anos e a impressão de que Portugal era nessa altura um país que respirava um ambiente carregado de promessa. De repente, Patti Smith falava no seu blakean year e recitava versos de Fernando Pessoa, numa altura em que eu próprio, à minha maneira, tinha tido o meu “ano pessoano”. Depois os anos foram passando, e parece que se cumpriu a profecia dos últimos versos de A Mensagem em que o poeta diz “é Portugal a entristecer”. Do sonho poético da Mensagem passámos ao pesadelo tecnocrático do Memorando (“é Portugal a empobrecer”). Mas talvez seja agora a hora de despertar do sono dogmático da austeridade e redescobrirmo-nos outros de novo. Mas sem as utopias caducas e anacrónicas do “homem novo”…

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