Sex symbol iconoclasta
Texto: ISILDA SANCHES
Poeta, punk , cantora, ícone feminino e feminista, rock star. Patti Smith é admirada por fãs, bandas e intelectuais (até pelo Papa) pela sua escrita e música, mas afirmou a sua força também pela imagem logo no primeiro momento. Na capa de Horses, em 1975, época de mulheres exuberantes, Patti Smith aparece andrógina, fotografada pelo namorado Robert Mapplethorpe, com cabelo desgrenhado, roupa de homem e pose de jovem Rimbaud (ou pretenso Fred Astaire, como revelou recentemente), nenhuma maquilhagem. Thurston Moore escreveu num artigo de 1996 que “posava como se fosse o rapaz mais cool da cidade. E era.” Nem isso, nem a capa de Easter (1978) em que exibe as axilas por depilar, ou genericamente a pouca preocupação em parecer bonita ou sensual ao longo de toda a carreira, impediram Patti Smith de ser um ícone sexual, como todos os heróis rock’n’roll, mas de forma particularmente iconoclasta. Por outro lado, isso também não é obstáculo a que faça versões da hipersexualizada Rihanna (“Stay”). Patti Smith é forte e isso é sexy.
Patti Smith é feia . Patti Smith tem , agora , bigode . Patti Smith veste-se mal , não pinta o cabelo , está velha , não está na moda , não é cool , a musica dela não está em power play em nenhuma rádio , não aparece nas revistas côr-de-rosa , não muda de namorado de duas em duas semanas , não vai ao cabeleiriero , não deve ter Facebook nem Twitter . Mas afinal Patti Smith existe ? Não. Mas a musica dela é da melhor que se faz por aí , e isso para mim é suficiente .
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