Maggie Smith: a veterana anti-fama
Texto: NUNO CARDOSO
Oitenta anos de vida. Sessenta e três a viver a vida dos outros. Quase 60 filmes. Mais de 70 peças de teatro. Cerca 20 participações na TV. A aritmética não engana: Maggie Smith é não só uma veterana da representação como uma das atrizes britânicas mais respeitadas de sempre. Nos prémios, um total capaz de fazer corar as rivais: mais de 50 galardões, entre eles dois Óscares, três Emmys e três Globos de Ouro.
Agora, e apesar de já ter frisado que não vai deixar a representação, a mulher que se estreou nas lides artísticas com 17 anos a interpretar William Shakespeare num teatro em Oxford, Inglaterra, anunciou que vai abandonar Downton Abbey, a série britânica de época que tem conquistado a crítica e o público, e com isso, diz adeus à sua Condessa Violet, a matriarca dos aristocratas Crawley, no fim da sexta temporada que arranca em setembro deste ano. “Não posso continuar. Estamos a entrar no final dos anos 1920 na série, pelas minhas contas a minha personagem já deve ter 110 anos”, disse ao Sunday Times.
Uma decisão que chega poucas semanas depois da veterana que encabeça a trama criada por Julian Fellowes ter explicado ao The Guardian como esta Condessa Violet alimentou, de forma inesperada, a sua exposição mediática ao mundo, e por conseguinte, a sua postura anti-fama. Mesmo com uma carreira de quase sete décadas.
“Opto por não ir a lado nenhum e nas ocasiões em que saio, tenho sempre um amigo comigo. É muito difícil quando se está sozinho porque não há por onde escapar”, explicou Smith, acrescentando que muitas vezes tem que colocar as boas maneiras em stand by. “A arrogância não nos leva a lado nenhum mas às vezes tem que ser. Se um grupo grande se aproxima de ti, isso consegue ser assustador”.
A atriz que participou em filmes como Morte no Nilo, Do Cabaret Para o Convento e na saga Harry Potter recordou um episódio recente em Paris, onde esteve a fazer a rodagem do seu mais recente filme. Queria andar pela cidade, visitar museus e galerias, mas o cenário foi outro. “Senti o assédio de Downton Abbey. Isso nunca me aconteceu antes. A culpa é da televisão, é horrível. Adoro andar a passear sozinha e não consegui”, afirmou recentemente ao The Telegraph. “Na maior parte das vezes fujo. Imagino uma linha reta no chão e sigo, sigo, sigo. Não sei como é que os atores lidam como isto. Como é que as grandes estrelas de Hollywood fazem? Como raio fazem?”, continuou a mulher que diz nunca ter visto um episódio de Downton Abbey.
“Fazer TV implica uma vida incrivelmente dura. A Bette Davis é que estava certa: envelhecer não é para mariquinhas. E a velhice não serve a TV por ser um meio tão implacável”, adiantou ao jornal britânico. E rematou, com a honestidade que só a experiência traz: “Os atores mais novos são ótimos, mas até esses ficam cansados”.

80 anos, estreou-se com 17 e já leva 66 de carreira? Entre Oscars e Tonys há aqui alguém que não vai ganhar as olimpíadas de matemática.
GostarGostar
Deixe que lhe diga, caro comentador, ninguém vai ganhar as olimpíadas da matemática, mas certamente o senhor também não vai ganhar nenhum prémio de leitura, pois eu li 63 anos de carreira e não 66…No máximo e passo a citar, li: “…uma carreira de quase sete décadas…”
GostarGostar
o texto foi emendado após a observação.
GostarGostar