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Política ambiental, segundo Kim Stanley Robinson

Com apenas um título traduzido entre nós, Kim Stanley Robinson é um dos maiores autores de ficção científica no presente. Esta é uma das três trilogias que já publicou.

Um dos mais importantes escritores de ficção científica do nosso tempo, o norte-americano Kim Stanley Ronbinson (n. 1952) tem apenas, por incrível que pareça, um único título traduzido e publicado entre nós. Trata-se de Planeta Sobre a Mesa lançado em 1988 pela Caminho, no quadro da sua coleção de ficção científica. É um título menor da sua obra, o que mantém fora da oferta livreira made in Portugal os livros que o inscreveram como um dos nomes mais marcantes do género entre as figuras da sua geração… A mais frequente opção editorial entre nós pelos caminhos da fantasia que pelos da ficção-científica, sobretudo depois do arrefecimento das coleções Argonauta (Livros do Brasil), das duas séries da Europa-América e da Caminho, deixaram este universo com uma representação menos regular, nos últimos tempos mais em estado de fome até que em dieta…

Kim Stanley Robinson ficou célebre por uma soberba trilogia na qual relata a chegada, colonização e terraformação de Marte, numa narrativa que soube juntar à sua trama e personagens um contexto que reflete uma atenção do autor para com questões da geologia, astronáutica, sociologia, psicologia e até mesmo política. Afinal, numa trama que nos fala da ida de seres nascidos na Terra para outro planeta, mais não faz senão o retrato da génese de uma comunidade humana. Antes da trilogia marciana, tinha já proposto uma outra, na qual levantava três visões possíveis para o futuro da Califórnia. E apesar de nos anos mais recentes ter apresentado alguns títulos que lançam ideias que se esgotam num volume – um deles dedicado à memória de Galileu segundo um ponto de vista no mínimo desafiante (lá iremos um dia, fica prometido), e como não há duas sem três, eis que entre 2004 e 2007 lançou nova série em três episódios.

Habitualmente referida como a Science in the Capital Series, esta trilogia feita pelos livros Forty Signs of Rain (2004), Fifty Degrees Below (2005) e Sixty Days and Counting (2007) foca aquela que é a grande questão transversal a muita da melhor ficção científica do nosso tempo: o desequilíbrio ecológico e a possibilidade de um desfecho trágico para o mundo. Kim Stanley Robinson coloca a ação num futuro (muito) próximo e Washington DC como palco central da história. Os meandros (e interesses) da política e dos lobistas habitam os jogos de decisões que acompanham um cenário que assiste a uma sucessão de transformações ditadas pelo aquecimento global, desencadeando situações de dimensão progressivamente mais catastrófica. O autor chega mesmo a criar uma nação fictícia no Pacífico como palco de um cenário de apagamento (por afogamento) do mapa. Mas mais que uma trilogia-catástrofe, é no movimento pendular de atenções entre os peões (e decisores) políticos e os dados da meteorologia, que Kim Stanley Robinson nos dá um dos grandes thrillers “ambientalistas” do nosso tempo. – Nuno Galopim

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