Um anuário em vésperas do Dia Mundial da Poesia
Texto: HELENA BENTO
Depois de no ano passado ter publicado o Anuário de Poesia de autores não publicados, recuperando uma iniciativa que manteve entre 1984 e 1987, a editora Assírio & Alvim lança agora um segundo volume, que chega amanhã às livrarias, em vésperas do Dia Mundial da Poesia. O objetivo do anuário continua a ser o de criar espaço para a divulgação de novos autores que ainda não tenham publicado o seu primeiro livro.
Segundo a nota introdutória assinada pelo júri, composto pelo romancista Almeida Faria, pelos poetas Armando Silva Carvalho e Golgona Anghel, e pelos editores Manuel Alberto Valente e Vasco David, foram recebidos 2154 poemas, enviados por 223 autores provenientes do mundo lusófono, cuja leitura revelou, “com pouquíssimas exceções, um imaginário poético débil e revelador de um cenário preocupante”, isto é, “a constatação de que muitos daqueles que escrevem poesia não são dela leitores assíduos, como se a sua escrita pudesse depender, única e exclusivamente, de uma qualquer inspiração”. E mais à frente o assunto é retomado: “Lendo e relendo todos os poemas que nos foram enviados, verificamos que muitos dos concorrentes não lêem poesia, ou não lêem, pelo menos, poesia atual”, dada a “repetição exaustiva de fórmulas canónicas”, e a necessidade, noutros casos, de “emular alguns nomes maiores” da poesia.
Daí que o número de poemas contemplados neste anuário seja reduzido, apenas 15, de sete poetas, entre os quais se encontram A. Rafael da Silva, Alexandre Monteiro, Frederico Ferreira, Gina Ávila Macedo, Miguel Alexandre Marques, Paulo Amorim e Pedro Craveiro, o mais jovem dos poetas aqui publicados, com 24 anos.
Há 30 anos, a publicação do primeiro anuário pela editora Assírio & Alvim teve um grande impacto. Prova-o o número de concorrentes, 918, e de poemas enviados, 7200. O júri era composto por José Bento, José Agostinho Baptista e Fernando Luís, e foram escolhidos 83 autores.
Entre 1984 e 1987, o anuário deu a conhecer escritores tão conhecidos atualmente quanto Adília Lopes, Maria do Rosário Pedreira (poeta e editora) e o romancista José Eduardo Agualusa.
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