Quem é Cookie?
Texto: NUNO CARDOSO
Abril de 2012. Ao vestir a pele de Olivia Pope, uma ex-funcionária da Casa Branca que cria uma empresa de advogados especialista na gestão de crises, Kerry Washington derrubou barreiras em Scandal ao tornar-se na primeira mulher afro-americana protagonista de uma série dramática no horário nobre dos EUA nos últimos 40 anos.
Coincidência ou não, meses depois, o fenómeno The Walking Dead apostava na atriz Danai Gurira para introduzir uma personagem nova, e de grande destaque, Michonne. Mais tarde chegou Viola Davis, que já tinha dado cartas no filme As Serviçais (e pelo qual recebeu uma indicação para o Óscar de Melhor Atriz), como Annalise Keating, a carismática advogada e a principal estrela de Como Defender Um Assassino. Três personagens fortes, independentes e destemidas. Três séries de sucesso. Um novo caminho começou a ser traçado.
Este ano, Cookie Lyon, uma espécie de diva ghetto-fabulous é a nova coqueluche da ficção. Depois de dar nas vistas no cinema em O Estranho Caso de Benjamin Button e na TV com Boston Legal e Sob Suspeita, Taraji P. Henson tem dado que falar como a protagonista feminina de Empire, a série dramática sobre uma família que gere um império discográfico, que se estreou no início do ano nos EUA e que está atualmente em exibição na Fox Life.
O ADN de Cookie não mente. Sem papas na língua, humor corrosivo e sarcástico, independente, vingativa, sensual, atrevida, honesta e divertida, esta ex-presidiária que assim que sai em liberdade decide reivindicar a sua parte da empresa que ajudou a construir, gerida pelo agora ex-marido (Terrence Howard) e pai dos seus três filhos, tem sido uma das peças-chave no êxito de Empire. Ainda, as frases e expressões mais emblemáticas desta mulher que é também um exemplo de como saber dar a volta por cima na vida, são constante alvo de partilha nas redes sociais através de gifs.
Conseguindo equilibrar o fator bitchness com um lado mais sensível, o do amor incondicional pelos filhos, Taraji P. Henson tem sido apontada por vários críticos como uma forte candidata na categoria de Melhor Atriz de Série Dramática dos próximos Emmys e Globos de Ouro.
Há poucos dias, o New York Times questionava: “Porque é que esta série é tão viciante? Pode muito bem ser pela charmosa e feroz interpretação de Taraji P. Henson”, acrescentando que Cookie “é a personagem negra mais fascinante da TV neste momento”. Já o Independent referiu-se a ela como “uma força da natureza com as melhores falas na série”, para além de ser “a grande favorita do público”. Na Forbes, lia-se: “O que separa esta série das outras é Cookie no seu valor de entretenimento, na dimensionalidade da personagem e na sua importância narrativa. É uma carismática bola de fogo, independente e multi-facetada. Uma das melhores personagens femininas da TV, sem dúvida”. Um tornado de popularidade que já levou o Los Angeles Times a usar a expressão “Cookie-nado”.
Ainda assim, Empire foi um desafio que nem a própria atriz quis aceitar, de início. “Quando li o guião, a série assustou-me. A Cookie pareceu-me uma personagem gigante. E pensei: ‘Acho que vamos chatear muitos espectadores negros’. E depois pensei: ‘Não é isso que é susposto ser a arte?”.
De resto, e avalancada pela banda sonora original de Timbaland – foi este o disco que travou Rebel Heart, de Madonna, de chegar ao topo da tabela de vendas norte-americana -, a série tem batido recordes de audiência nos EUA, com um primeiro episódio que foi a estreia mais vista da Fox nos últimos três anos, para além de ser uma das séries mais faladas no Twitter.
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