Crónicas do ano zero
Texto: NUNO GALOPIM
O assinalar dos 70 anos do fim da Segunda Guerra Mundial na Europa teve naturalmente uma justificada expressão entre a oferta de publicações lançadas nas últimas semanas. E vale a pena ter em conta duas edições especiais, ambas made in France.
Com o título 1945: La Chute du Reich a edição especial apresentada conjuntamente pela Paris Match e L’Histoire é uma revista de 114 páginas que centra atenções na batalha de Berlim, entre finais de abril e inícios de maio, durante a qual Hitler se suicidou, passou o poder por um dia a Goebbels (que se suicidaria logo depois), atribuindo a presidência do Reich ao almirante Donitz. Esses dias, que assinalaram a definitiva derrocada da Alemanha nazi – apesar de ter havido focos de conflito durante algum tempo mais – são observados não apenas do ponto de vista militar, mas também olhados do prisma da cidade que assistiu à queda do regime.
Na verdade esta edição especial começa antes mesmo da batalha de Berlim, recordando como a ofensiva aliada avançou sobre a capital alemã desde finais de 1944, questionando se o histórico bombardeamento sobre Dresden teria mesmo sido necessário.
Sobre a batalha de Berlim propriamente dita, além das muitas fotografias – que caracterizam toda esta edição – olhares detalhados sobre as lutas de rua, os esforços desesperados de luta até ao fim, assim como um olhar sobre a vida de Hitler nos seus derradeiros dias. Não faltam mapas nem mesmo uma planta do bunker do führer.
Yalta, a libertação dos campos de concentração, o medo inspirado pelo exército vermelho e o julgamento de Nuremberga completam a publicação na qual, naturalmente, não falta um prisma local francês.
Lembrando o título do célebre filme de Roberto Rossellini rodado na capital alemã pouco depois do fim da guerra, 1945: Année Zéro é o título de uma edição especial do Le Courrier International que percorre todo o ano, agregando cronologicamente artigos – recolhidos mundo fora, um deles de Anthony Beevor -, arrumando-os segundo acontecimentos registados entre janeiro e dezembro.
Mapas da Europa nesses dois momentos (o antes e o depois) abrem o percurso de 74 páginas que passa, entre outros, pela batalha de Budapeste, a libertação de Auschwitz, os bombardeamentos de Dresden (novamente questionando a sua necessidade), os batalhões de jovens recrutados para defender Berlim, os castigos locais contra colaboracionistas, a queda de Mussolini, a “epidemia” de suicídios na Alemanha pós capitulação, as detonações nucleares no Japão e o fim da guerra no Pacífico, Nuremberga e olhares sobre as condições de vida em vários campos de refugiados.
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