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Os nossos dez filmes mais aguardados de 2016

Textos de: DIOGO SENO, NUNO CARVALHO, NUNO GALOPIM e RUI ALVES DE SOUSA

Uma lista de filmes pelos quais vale a pena esperar este ano. Uns já começaram a passar pelos festivais. Outros estão na nossa lista dos mais desejados. Estas são as nossas escolhas.

Cada um de nós fez as suas escolhas. E somadas, em conjunto fazem esta galeria de filmes que deverão chegar às salas (ou pelo menos ao circuito de festivais ainda este ano). Um deles já estreou. Outro vem já a caminho… E estas são as nossas escolhas…

“Anomalisa – Duke Johnson, Charlie Kaufman
Da mente brilhante, e por vezes controversa, do argumentista Charlie Kaufman (que assinou algumas das narrativas mais desafiantes deste século, como Sinédoque, Nova Iorque, que também realizou), chega-nos uma animação em stop-motion (arte cada vez mais rara no cinema moderno), sobre um homem vulgar que, de um momento para o outro, vive a mais invulgar das situações. Uma comédia dramática sobre as relações humanas que foi aclamada em vários festivais (incluindo Veneza) e que parece ter o toque habitual e inconfundível dos diálogos e personagens de Kaufman: um humor negro e algo psicológico, um olhar sobre a humanidade visto de uma outra perspetiva, muito pessoal e original, em que pouco é o que parece. Esperamos com ansiedade a estreia deste filme no circuito comercial português, depois de ter passado com sucesso pelo Lisbon & Estoril Film Festival. – R.A.S.

“Certain Women”, de Kelly Reichardt
Com duas atrizes fenomenais como Michelle Williams (já uma presença recorrente nos filmes da realizadora) e Laura Dern, acompanhadas pela promissora Kirsten Stewart, o novo filme da extraordinária Kelly Reichardt promete ser um dos momentos altos deste ano cinematográfico. O estilo minimalista que caracteriza a sua obra é sempre um estímulo espiritual num tempo saturado de imagens banais e de narrativas industriosas. – N.C.

“Florence Foster Jenkins”, de Stephen Frears
A juntar ao recente Margerite, de Xavier Gianoll, eis mais um filme sobre uma diva que sonhava que podia cantar… Mas não. Ao contrário desse outro filme, este bipoic de Stephen Frears é baseado num caso real, recordando a figura (e a carreira) da socialite Florence Foster Jenkins que cantava e até gravava discos, sem ter a mínima capacidade de usar a voz. Meryl Streep veste a pele da proptagonista. – N.G.

“Hail Caesar!”, de Joel e Ethan Coen
Três anos depois de A Propósito de Llewyn Davis, os irmãos Coen regressam com uma comédia sobre a Hollywood clássica, numa história que envolve o rapto do ator mais famoso da época – e nos entretantos, ser-nos-á apresentada uma vasta galeria de personagens excêntricas, que representam o regresso dos Coen à mais pura comédia. Poderemos encontrar várias referências aos ícones da indústria, aos filmes mais populares, e à sátira de vários factos (e alguns mitos) que caracterizam o imaginário do cinema. Tudo isto com o humor muito característico de filmes anteriores, e com um elenco que inclui alguns veteranos-chave de outros filmes dos irmãos (como Frances McDormand e George Clooney). – R.A.S.

“O Cavaleiro de Copas”, de Terrence Malick
Apesar de ter encontrado um método e um estilo que enformam os seus filmes, o autor de A Árvore da Vida está longe de se ter tornado um cineasta formulaico e de fraseados visuais automáticos. E também prova neste filme, que em 2015 passou pela Berlinale, que não é um criador unitemático (aqui aborda as vivências de um argumentista de Hollywood), embora o tema da solidão seja omnipresente. – N.C.

“Little Men”, de Ira Sachs
O novo filme do autor de Keep the Lights On teve estreia mundial no Festival de Sundance e perfila-se como uma das possíveis boas surpresas de 2016. Ao The Hollywood Reporter, o realizador descreveu Little Men como “um filme sobre a fragilidade de todos os que tentam fazer o seu melhor para atravessar as pequenas decisões morais que acabam por ter um profundo eco nas nossas vidas”. – N.C.

“Midnight Special”, de Jeff Nichols
A premissa aproxima Midnight Special das ficções científicas dos anos 80 e o trailer encarregou-se de cimentar essa expectativa: pai e filho põem-se em fuga, após a descoberta de que o miúdo tem superpoderes. Se há algo que o próximo ano (arrisca-se: as próximas décadas) de cinema não precisa, é de mais filmes de super-heróis. No entanto, à semelhança do twist que Nichols deu ao filme apocalíptico em Take Shelter, espera-se que, a trabalhar mais uma vez com Michael Shannon, insufle novamente um universo já gasto da veracidade emocional que lhe conhecemos então.- D.S.

“O Ornitólogo”, de João Pedro Rodrigues
Sete anos após Morrer como Um Homem, pelo caminho tendo assinado e coassinado (com João Rui Guerra da Mata) uma série de curtas e também o documentário A Última Vez Que Vi Macau, O Ornitólogo assinala por um lado uma saída dos espaços urbanos e reencontros com memórias da juventude do realizador, evocando ecos de tempos mais próximos da natureza, numa aldeia perto de Tomar. – N.G.

“Os Oito Odiados”, de Quentin Tarantino
Cada novo filme de Tarantino parece estar sempre rodeado com alguma polémica que antecede a estreia. Desta vez foi, há algum tempo, o leak da primeira versão do guião (o que originou a desistência do projeto, para pouco mais tarde mudar de ideias) e mais recentemente, a tentativa de boicote do filme pela polícia dos EUA (depois das declarações do realizador sobre o funcionamento e método dessa mesma polícia), e no lado positivo, a recuperação de um legado de espetáculo hollywoodesco que há muito tinha desaparecido. Independentemente de se achar que os 70 mm (formato de ecrã gigante utilizado por algumas grandes produções, como Ben-Hur) foram bem utilizados por Tarantino, é de louvar a luta incansável que o cineasta tem mantido para não deixar que o cinema morra – ou pelo menos, o cinema que ele viu durante anos e que o levou a querer fazer filmes. Ele não acredita no meio digital, acha que é como ver “televisão em público”, e por isso, assim decidiu fazer este The Hateful Eight. Parece ser uma história com o seu quê de policial, que promete com um elenco grandioso. Entre o ator-fetiche de Tarantino, Samuel L. Jackson, ao veterano Bruce Dern, parece que podemos esperar uma boa dose de divertimento, neste que é o filme mais longo até hoje realizado por Tarantino. Só queremos que seja melhor que Django Libertado... – R.A.S.

“Star Wars: Rogue One”, de Gareth Edwards
E depois de estreado o Episódio VII e com o oitavo adiado de maio para dezembro de 2017, o final de 2016 promete a chegada de Star Wars: Rogue One, o primeiro dos “anthology” films que irão explorar os ambientes e mitologia da saga, mas em histórias que decorrem para lá do seu arco narrativo principal. Este primeiro filme tem a sua ação cronologicamente antes do Star Wars original, acompanhando um grupo de rebeldes que tentam roubar os planos da Estrela da Morte. – N.G.

“The Lost City of Z”, James Gray
The Immigrant acabava com um dos planos mais grandiosos do cinema recente, e deixava as expectativas para o próximo filme nos píncaros. The Lost City of Z encontra-o novamente num drama histórico de feitio aventuroso, baseado no livro homónimo, sobre o explorador Percy Fawcett, que se perdeu na selva amazónica à procura de uma lendária civilização. É o filme que interrompe a colaboração com Joaquin Phoenix, actor principal de todos os filmes de Gray desde The Yards, mas espera-se que Charlie Hunnam encontre aqui o seu breakout role. Um projecto do realizador, anunciado e em amadurecimento há já alguns anos (e ao qual chegou a estar ligado Brad Pitt), descrito pelo próprio como um “épico à David Lean, mas de tom mais alucinatório…”. – D.S.

“Zama”, de Lucrecia Martel
A última obra de Martel, La Mujer sin Cabeza, já data de 2009. A possibilidade de a realizadora vir a adaptar uma famosa banda desenhada de ficção científica deixou água na boca (afinal de contas, La Mujer já se aproximava do ovni…), mas o projecto acabou por ser abandonado. A realizadora argentina lançou-se então à adaptação do romance Zama, de Antonio di Benedetto, sobre o percurso de um oficial da coroa espanhola, destacado na Argentina durante o séc. XVII. A curiosidade para ver como Martel se aproximará de um género habitualmente tão académico com a sua torcida linguagem é imensa, e para mais contando com a colaboração de Rui Poças na direcção de fotografia.- D.S.

1 Comment on Os nossos dez filmes mais aguardados de 2016

  1. Deixo aqui mais uma sugestão: depois do sucesso de Boyhood: Momentos de Uma Vida Richard Linklater realiza Everybody Wants Some. Com estreia nos EUA a 15 Abril tem sido apontado como a sequela espiritual de Juventude Inconsciente de 1993.
    António Araújo
    http://www.segundotake.com

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