Três livros que nos fazem viajar
Texto: NUNO GALOPIM
Edmund White “Paris, Os Passeios de Um Flâneur”
(ASA)
A oferta de literatura de viagens é hoje vasta e diversificada, abarcando um sem fim de relatos de vivências e experiências vividas na primeira pessoa. Um bom exemplo mora numa colecção através da qual a Asa nos tem revelado histórias de cidades assinadas por grandes escritores do nosso tempo. Este é um exemplo. Paris, os Passeios de um Flâneur, de Edmund White (primeira edição portuguesa em 2004) proõe-nos uma série de caminhadas diferentes por uma cidade onde viveu durante 16 anos. Pelas suas palavras visitamos avenidas, jardins e por vezes ruas que até os parisienses mal conhecem. Evocam-se histórias, entramos por livrarias, passamos pelas salas de palácios, pelas alamedas de parques, pelas bancas de vendas em mercados… Ah, e para que se explique o título, um flâneur não é mais senão “um ser errante (…), alguém que deambula pela cidade sem um propósito aparente, mas que está em harmonia com a sua história e numa busca velada de aventura”.
António Mega Ferreira, “Roma – Exercícios de Reconhecimento”
(Assírio e Alvim)
Há uma nota prévia que antecede o texto central do livro que apresenta este roteiro pessoal de Roma, assinado por António Mega Ferreira como sendo “portátil no formato e amigável no manuseamento”. E convenhamos que assim é, representando Roma um perfeito companheiro de viagem à capital italiana, num complemento feitio de relatos e reflexões na primeira pessoa que assim acrescenta ideias e olhares ao que um qualquer mais convencional guia turístico (a levar também na bagagem, claro) costuma fazer. Este texto nasce de uma vivência pessoal com a cidade que remonta a 1978. Caminhando entre os lugares e os grandes ícones de Roma, o texto partilha connosco a experiência de quem os viveu já por várias vezes, com interesse em conhecer a cidade, a sua história, os seus protagonistas e a vivência de quem por aquelas ruas habita. Foi nestas páginas que, por exemplo, descobri a melhor geladaria da cidade (o imperdível Giolitti, nas traseiras do Parlamento, na estreita mas movimentada Via Uffici del Vicario).
Judith Schalansky “Pocket Island of Remote Islands”
(Penguin)
Temos ideia de que os guias com sugestões ou notas de viagem costumam ser fruto da experiência de quem andou por aqueles lugares sobre os quais depois escreve. Pois este livro nem é exatamente um guia e deixa, logo na capa, um aviso bem claro (para que não haja confusões) ao afirmar a autora este texto como sendo um retrato de “cinquenta ilhas que nunca visitou nem visitará”. Porém, este é talvez o mais convidativo dos livros que alguma vez li sobre destinos menos habituais para o turismo: as pequenas ilhas remotas. Estão aqui 50, bem escolhidas pelo globo fora, para cada uma delas havendo um mapa, uma série de réguas com as sugestões das distâncias face a metrópoles mais “mainstream” e, depois, uma descrição dos lugares que não esquece a história de cada um deles. Poucos livros deixaram e mim tão grande vontade em, um dia, partir por aí, em busca de cada um destes 50 lugares distantes.
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