Dez grandes versões de canções de Leonard Cohen
Seleção e textos: NUNO GALOPIM
Como qualquer grande autor, Leonard Cohen deixou-nos um expressivo corpo de canções que não se limitaram a conhecer vida na voz do seu autor. Há até mesmo algumas, como Hallelujah, Suzanne ou Bird on a Wire, que quase tomaram a dimensão de standards.
Vamos aqui recordar dez dez versões de temas de Cohen em outras vozes. Não são as melhores. Mas todas elas são magníficas, cientes dos originais de que partem e muito pessoais nas abordagens que depois traduzem.
“If It Be Your Will”
por Anohni
O tema surgiu no alinhamento de Various Positions, o primeiro dos dois álbuns que Leonard Cohen editou nos anos 80. Teve uma versão por Jennifer Warnes, que surgiria mais tarde num extra numa reedição do álbum Famous Blue Raincoat. Anohni apresentou esta leitura no filme Leonard Cohen: I’m Your Fan. Anos depois a canadiana Patricia O’Callaghan gravaria outra versão em Matador: The Songs of Leonard Cohen.
“First We Take Manhattan”
pelos R.E.M.
Gravada originalmente por Jennifer Warnes no seu álbum Famous Blue Raincoat de 1987, seria depois o single de apresentação de I’m Your Man, o álbum de 1988 que aprofundou o trabalho de relacionamento da música de Cohen com os sintetizadores já antes encetado no anterior Various Positions. Em 1991 os R.E.M. propuseram uma versão elétrica desta canção para o disco de homenagem I’m Your Fan.
“Sisters of Mercy”
por Beck
Houve um período na carreira de Beck em que o músico chamava amigos para, com ele, gravar versões dos temas de um álbum inteiro de um artista que admirasse. O segundo disco a entrar neste “clube” foi Songs Of Leonard Cohen, álbum de 1967 onde surge a versão orinal deste Sisters of Mercy. Neste, que foi o segundo dos cinco projetos do seu Record Club (gravado em 2009), Beck contou com a ajuda de amigos como Devendra Banhart, os MGMT, Binki Shapiro (Little Joy) e Andrew Stockdale (Wolfmother).
“Joan of Arc”
por Jennifer Warnes
O original foi apresentado em 1971 no álbum Songs Of Love and Hate, revelando um momento de confronto de Joana d’Arc com o fogo que a envolve na hora em que é queimada viva. A canção, que chegou a ter então uma edição em single, conheceu nova vida quando surgiu no alinhamento de Famous Blue Raincoat, o álbum de versões de Leonard Cohen que Jennifer Warnes editou em 1987, num dueto com o próprio autor. Aqui ouvimo-la ao vivo, com orquestra, numa gravação de 1992 captada em Antuérpia.
“Bird on a Wire”
por Johnny Cash
Composta por Leonard Cohen, inspirado pela imagem de um pássaro pousado sobre os fios recentemente instalados da rede telefónica na ilha de Hydra, na Greécia, a canção teve (tal como Suzanne) primeira expressão em disco numa gravação de Judy Collins, antes de conhecer a leitura na voz de Cohen, em 1969, no álbum Songs From a Room. O tempo fez deste tema um dos mais vezes cantados dos seus temas, havendo versões nas vozes de k.d. Lang, Rita Coolidge, Stina Nordenstam, Joe Cocker ou dos Lilac Time (estes no álbum I’m Your Fan). Johnny Cash gravou esta versão em American Recordings, o primeiro disco da sua parceria com Rick Rubin, em 1994.
“Chelsea Hotel #2”
por Rufus Wainwright
Apresentada no álbum de 1974 New Skin For The Old Ceremony, a canção conta a história de um encontro íntimo no célebre hotel boémio de Manhattan. Leonard Cohen sugeriu que se trataria de uma memória do seu relacionamento com Janis Joplin, anos depois confessando lamentar essa indiscrição sua. A canção teve inúmeras versões por grandes vozes. Lloyd Cole cantou-a no álbum I’m Your Fan. Houve já leituras por Regina Spektor, os Lambchop ou Lana del Rey. Rufus Wainwright cantou-a no concerto de homenagem (e, depois, filme) Leonard Cohen – I’m Your Man.
“Who By Fire”
pelos House of Love
O tema foi originalmente apresentado no álbum New Skin For The Old Ceremony, no qual partilhava alinhamento com canções como Chelsea Hotel #2 ou Lover Lover Lover. Em 1991 os House Of Love, que viviam ainda uma etapa estimulante da sua carreira, recuperaram esta canção, dela fazendo nascer a sua contribuição para o álbum de homenagem I’m Your Fan, uma ideia da revista francesa Les Inrockuptibles. Who By Fire conheceu algumas mais versões, entre as quais uma assinada pelos Coil.
“Famous Blue Raincoat”
por Tori Amos
A canção surgiu em 1971 no alinhamento de Songs of Love and Hate, e ganhou importante segunda vida ao dar título a um disco de versões de temas de Leonard Cohen que Jennifer Warnes editou em 1987. Foi, depois, em 1995, em Tower of Song: The Songs of Leonard Cohen, um outro disco de homenagem,que surgiu esta versão assinada por Tori Amos, que ao longo da sua carreira interpretou já outras versões de canções do músico canadiano.
“Hallelujah” (1991)
por John Cale
Apresentada originalmente no álbum Various Positions, a canção teve originalmente uma visibildade mediática mais tímida do que a que então conheceu me Dance Me To The End of Love, tema que serviu de banda sonora ao primeiro teledisco alguma vez criada para um tema de Leonard Cohen. Uma versão por John Cale surgiu em 1991 no álbum de homenagem I’m Your Fan, cativando atenções, entre as quais a de Jeff Buckley que também a cantaria pouco depois. Mais tarde surgiu na banda sonora de Shrek. Tornou-se numa das referências maiores na obra de Cohen. k.d. Lang, Rufus Wainwright ou Bob Dylan estão entre os muitos que já a cantaram em concerto ou gravaram em disco.
“Suzanne”
por Nick Cave
Inicialmente publicada como um poema em 1966, teve primeira gravação num álbum que Judy Collins lançou nesse mesmo ano antes de, em 1967, surgir no alinhamento de Songs Of Leonard Cohen. A canção tornar-se-ia num dos clássicos maiores da obra de Cohen e conheceu versões em vozes como as de Nina Simone, Anni Frid Lyngstad ou os Castilles, banda de Bruce Springsteen nos seus dias de juventude.
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