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2016 em lista de compras, por Carlos Conceição

Dez escolhas e ainda um bónus. Há discos e filmes. E também viagens. E não só… Fica aqui o breve retrato de um ano.

“Blackstar”. David Bowie (pré-encomendado em vinil transparente do site do cantor. Tiragem limitada que agora vale 600 euros). Consta que há segredos na capa, que ao expôr ao sol a parte de dentro da estrela recortada, ela revela-se como uma polaroide para mostrar uma constelação. Nunca saberei se é verdade.

“Before The Dawn”. Kate Bush (4 discos de vinil). Excelente regresso, excelentes arranjos, e a revelação de uma voz nova, mais grave e mais frágil para os temas antigos. Não é de morrer logo de amores, mas há o afecto antigo. Há as “imagens” que as músicas sugerem dos concertos. Infelizmente o grafismo do programa dos concertos de 2014 é mais cativante que o do álbum em si. Mas ela está em forma – e espero que pronta para novos originais.

“Elle”, de Paul Verhoeven (bilhete de cinema). Um filme de realização muito sóbria e despretensiosa, com um guião brilhante, dois excelentes desempenhos e um final que faz pensar se o Sr Verhoeven alguma vez deixará de ser um brincalhão.

“Perto de Ti” – Lena d’Água & Atlântida (reedição remasterizada em CD, feita em 2008, muito difícil de encontrar). Nunca mais houve por cá uma voz assim, nem pop-rock com tanto pelo na venta. Adorava que a Lena d’Água voltasse a gravar inéditos.

“Who Can I Be Now?” – David Bowie (caixa de discos de vinil). Uma luz acesa sobre o período mais negro da carreira deste senhor, que coincide com o momento em que, musicalmente, ele mais se expandiu. A re-edição do álbum David Live é brilhante.

“Memories From Beyond The Tomb”, de François-René de Chateaubriand (edição The Folio Society, com tradução de Robert Baldick). O romantismo levado ao seu lado mais realista. Uma obra intencionalmente póstuma que é tanto sobre o autor quanto é sobre Napoleão Bonaparte. Qualquer edição da Folio Society está entre as melhores que actualmente se publicam. É uma espécie de Criterion literária.

Bilhete de autocarro para Tavira na última semana de Agosto. Voltar ao Algarve era um projecto com mais de 10 anos. Foi a melhor escolha para terminar e enviar uma candidatura para o ICA. Pedras-d’El-Rey tem suficientes turistas para nos sentirmos em casa, mas a geografia da terra está intacta QB para trazer alguma nostalgia e fazer-me renovar o Cartão de Cidadão.

Viagens diárias feitas em Uber (de e para os estúdios onde estive a fazer a pós-produção do meu próximo filme). É a primeira vez que tenho subsídio(s) e essa experiência, para o bem ou para o mal, também devia estar numa lista qualquer – mas centremo-nos no consumismo e no investimento pessoal.

Escitalopram (comprimidos revestidos). A ansiedade, percebo agora, não é só uma condição cíclica do meu carácter mas um mal que afecta muitos dos meus colegas. Na primeira semana a coisa torna-se um bocado pior, parece que os sintomas se agudizam e, por isso, convém ter à mão um SOS tipo Victan ou Xanax. Mas volvida essa semana, os sonos acertam-se finalmente, bem como a capacidade de canalizar as energias para as coisas certas. Altamente recomendável.

“Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho (adquirido por via de download ilegal). Tenciono ver este filme em sala quando a Midas o estrear, e vir a ter dois Blu-Rays (um de reserva). Por isso não senti qualquer culpa ao antecipar a experiência de o ver em casa. É uma obra magnífica, sobre a qual nada mais se deve dizer para já.

Bónus: “The Martian Chronicles” de Ray Bradbury, também em edição da Folio Society, com ilustrações de Mick Brownfield.

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