Takashi Murakami a caminho do Garage Museum of Contemporary Art
Texto: JOSÉ RAPOSO
Vai ser na Rússia e já tem data marcada neste próximo outono: de 29 de setembro até 4 de fevereiro, o Garage Museum of Contemporary Art será o centro desse fenómeno chamado Takashi Murakami, um dos artistas japoneses mais internacionais das últimas décadas, naquela que é a maior apresentação da sua obra em território russo até ao momento. É um momento privilegiado para a contemplação do seu processo de criação – os seus assistentes vão produzir uma série de trabalhos ao longo da duração da exposição numa instalação réplica da sua empresa de produção, a Kaikai Kiki Co. Ltd.
Fundado em 2008 por Dasha Zhukova e Roman Abramovic, o Garage é hoje um dos maiores arquivos públicos dedicados ao desenvolvimento da arte contemporânea russa, em particular no que se refere ao período do pós-guerra até ao presente. Ao longo dos anos o museu tem se afastado da ideia de coleção permanente, tendo antes orientado a sua acção na apresentação de projetos com base em investigações conduzidas a partir dos seus arquivos. Saving Bruce Lee foi um dos momentos mais emblemáticos dessa linha de programação, uma investigação que procurou contextualizar o papel do Gerasimov Instituite of Cinematography para o desenvolvimento de um pensamento estético e politico de três gerações de realizadores árabes e africanos que ao longo dos anos 1960 e 1980 estudaram no instituto – Sarah Maldoror, Ousmane Sembène e Mohammad Malas foram alguns dos nomes mais centrais à história do cinema que por ali passaram.
A exposição agora dedicada a Takashi Murakami terá curadoria de Ekaterina Inozemtseva, e constituirá um percurso alargado pelo percurso artístico do artista japonês, que poderá assim ser visto num contexto de diálogo alargado com a arte e história do seu próprio país: o Pushkin State Museum of Fine Arts e o State Musem of Oriental Art irão ceder pinturas e gravuras tradicionais japonesas oriundas das suas coleções, contribuindo assim para o desenho de uma visão de conjunto do milieu de Murakami. Inozemtseva pensou a exposição em cinco núcleos temáticos, que se referem a diferentes pontos de vista sobre a cultura japonesa vistos à luz da obra de Murakami. Geijutsu, o primeiro, irá partir da ideia de rotina e será dedicado à sua obra enquanto pintor; segue-se The Little Boy and the Fat Man, centrado no período de transformação cultural logo após aos bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki; Kawaii, uma aproximação à estética kawaii, o “fofinho” ou cute, em inglês, a partir da lente da pop-arte de Murakami; Asobi & Kazari, a decorrer nos espaços não-expositivos dos edifício será uma exploração de particularidades especificas da arte japonesa através dos noções de “brincadeira” (asobi) e “ornamentação” (kazari) ; e, por fim, aquela que promete ser uma das maiores atrações, Sutajito , uma recriação do seu estúdio Kaikai Kiki Co. Ltd., uma empresa de produção artística fundada por Murakami nos finais dos anos 1990.
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