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“Planet Earth”: o álbum que ficou célebre pelo lançamento com um jornal

Texto: NUNO GALOPIM

Editado em 2007, o álbum “Planet Earth”, que revelou sobretudo abordagens a terrenos pop/rock e a baladas de travo R&B, ficou na história da obra de Prince pelo facto de ter conhecido uma distribuição gratuita com um jornal no Reino Unido.

Os álbuns Musicology (2004) e 3121 (2006) tinham devolvido Prince a um patamar de atenções (e de vendas de discos) como não conhecia desde meados da década de 90. O passo seguinte seria musicalmente dado num patamar relativamente próximo, se bem que algo mais focado num relacionamento mais evidente com a guitarra e linguagens do rock. Chamou-lhe Planet Earth e, embora não repetindo nem a aclamação nem a popularidade desses outros discos, assinalou um momento em que a sua visibilidade sublinhou esse bom momento que estava a atravessar após de uma relativamente discreta época vivida logo após a viragem do milénio.

Planet Earth está longe de ser a melhor coleção de canções de Prince, juntando alguns temas de fina estampa a outros de pura manutenção… O disco tem na imponente faixa de abertura – a que dá precisamente o título ao disco – o seu melhor momento, conhecendo outros momentos dignos de interesse no fulgor pop (se bem que sem a aura gourmet das canções à la Revolution, em The One U Wanna C ou Resolution, tal como no mid tempo de For All The Midnights ou Lion Of Judah. Segue-se um menos interessante episódio mais vincado na eletricidade em Guitar (com arranque que lembra até os U2 de primeira fase) e algumas baladas sem particulares argumentos além dos mais habituais na sua obra pós-90 em Somewhere Here On Earth ou Future Baby Mama. Mais interessante é depois o suave flirt com uma pose falada (mas sem construção instrumental de raiz hip hop) de Mr Goodnight. Ou o breve balie para funk e disco em Chelsea Rodgers.

Guitar foi o único single extraído do álbum, mas fez carreira bem aquém de outros recentemente editados. Planet Earth não foi contudo um insucesso. E de resto representa mais um caso de boas opções empresariais para Prince. Tal como sucedia com os seus discos desde o final dos noventas Prince gravou-o à sua conta, negociando com uma grande editora a sua edição, cabendo desta vez a distribuição à Sony Music.

No Reino Unido o disco foi contudo distribuído com uma edição do Daily Mail, negócio pelo qual Prince arrecadou mais do que o que então conseguiria com um avanço com uma editora. O jornal vendeu em números como não conhecia desde a morte da princesa Diana. A operação só não foi verdadeiramente rentável dado os gastos com a promoção deste lançamento. Mesmo assim é mais por esta operação de distribuição do que pelo seu corpo de canções que Planet Earth ganhou um lugar de destaque na discografia pós-milénio de Prince.

O impacte desta distribuição gratuita no Reino Unido abriu portas para uma residência de 21 datas na O2 Arena, que representou uma das série de concertos mais bem sucedidas da carreira de Prince. Nos EUA afirmou outro episódio de grande mediatismo ao fazer a atuação no intervalo da edição desse ano da Superbowl onde apresentou um alinhamento cheio de memórias dos tempos de Purple Rain mas que abriu apetites para a chegada de Planet Earth.

O modelo de distribuição no Reino Unido trouxe contudo alguns dissabores a Prince com lojas de discos locais a protestar, o que terá levado a que a editora não o tivesse ali distribuído, mantendo contudo os planos da sua edição no resto do mundo. Nos EUA chegou ao número 3 na tabela da Billboard.

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