Chamavam-lhe Bond… James Bond
Texto: NUNO GALOPIM
Entre 1973 e 1985, num período que incluiu uma época de grande tensão geopolítica quando, na primeira metade dos anos 80, a escalada militar dos dois lados da Cortina de Ferro assombrou o mundo com o receio de um eventual conflito termonuclear, era ele quem respondiam se alguém perguntasse quem era o agente 007. Materializado (no cinema, entenda-se) pelo ator Sean Connery, que vestiu a pele do agente secreto durante cinco filmes consecutivos nos anos 60, retomando pontualmente o papel num sexto, em 1971, após a experiência pontual (e não muito bem sucedida de George Lazenby na pele do agente secreto criado por Ian Flemming, Roger Moore assumiu o papel em Live and Let Die (1973), mantendo-o até que dele se despediu em A View to A Kill (1985), passando então o testemunho a Timothy Dalton. Feitas as contas foi ele quem por mais vezes interpretou o papel de James Bond, num total de sete filmes em 12 anos. Sean Connery foi 007 por seis vezes em filmes oficiais, cabendo a sétima vez que se apresentou como James Bond ao filme fora da série Never Say Never Again, de 1983 (no mesmo ano Moore era 007 em Octopussy). Roger Moore morreu hoje, aos 89 anos de idade, na Suíça (onde vivia) vítima de um tumor.
James Bond era, segundo Roger Moore, um agente mais stylish e com uma atitude perante a vida com um cunho mais sarcástico do que aquele que Sean Connery definira quando vestira a pele do agente secreto com ordem para matar. Por marcante que seja qualquer dos restantes atores que encarnaram a figura de 007 é ainda hoje entre estes dois que se definem os paradigmas (e as maiores contradições). E com eles se desenham igualmente as identificações do público com duas maneiras bem distintas de ser James Bond. E quem gosta mais da abordagem de um deles os dois, normalmente tem o outro no verso da medalha…
Nascido em Stockwell, em Londres, em, 1927, estudou artes dramáticas após o fim da II Guerra Mundial, tendo tido entre os colegas de curso a futura atriz Lois Maxwell, que seria a primeira a vestir a pele de Miss Moneypenny na série de filmes James Bond.
Começou por trabalhar como modelo e, depois em cinema, em papéis secundários ou em filmes com visibilidade menor. Ganhou popularidade mais tarde a fazer televisão, tendo protagonizado no final dos anos 50 uma adaptação ao pequeno ecrã de Inavhoe. De 1962 a 1969 tornou-se numa estreia de TV como protagonista da série policial O Santo. A visibilidade global que os 7 filmes da série James Bond lhe deram depois nos anos 70 e 80 acabou por associá-lo definitivamente à figura de 007.
Roger Moore teve alguns papéis depois de A View To A Kill, nenhum deles contudo de importância significativa. Muito do seu percurso pós-Bond teve mais impacte nas esferas da intervenção que fez ou pela UNICEF ou pela PETA. Em 1999 foi distinguido como Cavaleiro da Ordem do Império Britânico.
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