Vampiros, mas ‘gourmet’ e em alta definição
Texto: NUNO GALOPIM
Clássico maior na história dos vampiros no grande ecrã, The Hunger (filme de 1983 que entre nós estreou com o título Vontade de Viver), apresenta-nos um fragmento da história de Miriam Blaylock (Catherine Deneuve), que cativa os seus amantes com a sedução de uma vida eterna. Mas John (David Bowie), com quem casou em França no século XVIII e agora reside na Nova Iorque de finais do século XX, entra num processo de envelhecimento fulminante, anunciando-se um fim próximo, que faz entrar em cena Sarah Roberts (Susan Sarandon), uma gerontóloga que estuda em primatas situações com alguma semelhança ao caso trágico a que assistimos. O filme, que correspondeu em 1981 à estreia na realização de Tony Scott não procura a vertigem das histórias de terror, mas, antes um tom contemplativo que a casa com decoração elegante e atemporal do casal protagonista tão bem sugere.
A presença (embora apenas como ator) de David Bowie não representa a única ligação deste filme aos universos da cultura pop/rock já que, na sequência de abertura, vemo-lo, juntamente com a personagem interpretada por Deneuve, num clube nova-iorquino, a assistir à performance dos Bauhaus, que representavam então a referência mais marcante do rock gótico.
O tempo fez com que algumas reações de menor entusiasmo ao ritmo lento do filme e às suas atmosferas mais arty transformasse The Hunger num caso de culto. E, de resto, juntamente com Merry Christmas Mr Lawrence, de Nagisa Oshima, do mesmo ano, representa um dos melhores momentos da carreia no cinema de David Bowie.
“The Hunger” de Tony Scott, com Catherine Deneuve, David Bowie e Susan Sarandon, tem agora edição em Blu-Ray pela Warner.
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