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O primeiro álbum de David Bowie fez 50 anos

Texto: NUNO GALOPIM

Editado em junho de 1967 o álbum de estreia de David Bowie era um “alienígena” entre a paisagem pop/rock de então e passou longe das atenções. Mas na verdade lançava as bases para a edificação de uma personalidade ímpar.

David Bowie foi nome de álbum. Do primeiro de Bowie. E representou uma mudança desejada depois de uma sucessão de seis ineficazes singles editados entre 1964 e 66, os três últimos lançados pela PYE Records. Lançado sob novo acordo com a Dearm, selo associado à Decca, David Bowie foi editado em junho 1967. POode ter sido mais um aparente tiro em falso, incapaz de chamar a atenção de um público comprador de discos. Mas, revelando no seu âmago um interessante híbrido de tradições do teatro musical e temperos psicadélicos, definiu a descoberta e assimilação de genéticas exteriores ao rock’n’roll que acabariam por afirmar a diferença e invulgar abertura de Bowie a outros estímulos.

Canções como Love You Till Tuesday, When I Live My Dream ou Rubber Band, ou mesmo o algo “embaraçoso” The Laughing Gnome (exterior ao alinhamento do álbum, mas editado como single em abril de 1967, ou seja, seu contemporâneo), mostram um Bowie centrado numa firme demanda pessoal, egocentrado, mutante, cenograficamente inteligente, e já capaz de dominar a escrita de canções.

O sucesso, curiosamente, chegaria mais tarde, com nova gravação de Space Oddity, um tema que nasce por alturas do primeiro álbum e que chega a conhecer primeira visibilidade no filme Love You Till Tuesday, que o manager Ken Pitt engendra como estratégia promocional.

À distância de 40 anos, muitas são as opiniões que defendem que só o desinteresse da Deram em promover o disco justificou o seu fracasso comercial. Elogiado pela crítica, nascia, apesar das aparentes diferenças à superfície dos sons, num tempo em que o mundo da pop inglesa descobria pequenas canções de personalidade narrativa. O ecletismo musical revelado pelo álbum, cruzando heranças folk com cenografias colhidas no vaudeville e um sentido de composição de espaço não estranho aos dias do psicadelismo, é finalmente reconhecido como uma marca de personalidade em busca de um espaço próprio. Curiosamente, David Bowie é hoje o tesouro maior do catálogo de reedições da extinta editora que então o quase ignorou.

Uma edição recente envolve numa mesma capa um LP com a mistura em estéreo e outro com uma em mono, deste álbum de 1967

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