Um mundo de possibilidades para Beth Ditto
Texto: NUNO GALOPIM
As primeiras pistas surgiram a bordo dos Gossip, com uma rara capacidade em juntar o viço de uma pose rock’n’roll à pujança vocal de uma diva (de boa velha guarda) da soul – um pouco à la Aretha – aos poucos começando a piscar o olho ao apelo festivo da pop e da música de dança (uma das remisturas em travo electro de Standing on the Edge of Control deve ter sido um dos mais eficazes motores de dança da última década)… Em 2011, ainda antes de editado aquele que seria o derradeiro álbum de estúdio dos Gossip, Beth Ditto apresentava um a promissora estreia em nome próprio num EP de evidentes flirts com eletrónicas (em I Wrote The Book residindo até um dos seus melhores episódios de sempre). Agora, um ano depois da notícia da dissolução dos Gossip eis que finalmente dá continuidade à sua carreira a solo num primeiro álbum que, ao invés desse EP de há seis anos, opta por deixar as suas possibilidades mais em aberto…
Como uma montra daquelas que são as várias linhas pelas quais a sua obra já se desenhou, Fake Sugar é um disco que vai do mais clássico southern rock a uma pop de travo glam e apelo dançável, como a que se escuta em Oo La La, que é um dos instantes mais contagiantes do alinhamento. O álbum não esquece a herança dos Gossip (da qual se aproxima num Do You Want Me To) e assimila heranças de Alan Vega, dos Suicide, em Go Baby Go. As guitarras podem revelar-se aqui como o principal aliado instrumental da voz de Beth Ditto, mas é na força de melodias de escola pop e no apelo dançável das estruturas rítmicas que reside a pulsação mais vibrante de um disco que abre inúmeros possíveis caminhos para o futuro discográfico de Beth Ditto. Cumpre o que se pede num álbum que abre uma nova etapa de uma carreira que já visitou vários trilhos e ideias.
“Fake Sugar”, de Beth Ditto, está disponível em LP, CD e nas plataformas digitais numa edição da Virgin/Universal ★★★
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