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Em busca do som do século XXI

Texto: NUNO GALOPIM

Originalmente lançado em 2010, o álbum “Infra” de Max Richter junta o piano, as eletrónicas e um quarteto de cordas numa visão que originalmente serviu uma coreografia. Agora esta música tem nova vida no catálogo da Deutsche Grammophon.

Nascido na Alemanha e educado desde cedo no Reino Unido, Max Richter toma tanto os Beatles e Bach como fontes de inspiração. Porém é da descoberta das músicas de Eno, Pärt, das potencialidades das novas electrónicas e do conhecimento histórico da música, do trabalho ao lado de uns Future Sound of London ou com orquestras que nasce a música de visões largas que nos propõe. Depois de uma etapa como instrumentista no coletivo Piano Circus foi com o belíssimo Memoryhouse que se estreou discograficamente em 2002 num disco que juntava olhares pessoais pelas suas vivências e que conciliava uma demanda sonoplasta quase cinematográfica (usando electrónica e sons reais captados fora de estúdio) com o labor de uma orquestra.

Infra é, de todos os demais títulos que editou antes da sua abordagem de 2012 às Quatro Estações de Vivaldi para a série Re-Composed da Deutsche Grammophon (que lhe deu finalmente grande visibilidade), aquele que mais se aproxima do material musical que Memoryhouse colocara em cena. Originalmente lançado pela FatCat em 2010, Infra é uma obra criada originalmente para uma coreografia de Wayne McGregor em colaboração com Julian Opie e junta piano, eletrónicas e um quarteto de cordas.

Ecos de uma admiração por Schubert passam nas entrelinhas das composições, às quais as filigranas e noções de espaço sugeridas pelas eletrónicas acrescentam uma dimensão contemporânea, como quem nota que o futuro pode ser construído sobre a assimilação interpretativa do passado.

Infra foi um dos quatro álbuns anteriores a 2012 que Max Richter reeditou pela Deutsche Grammophon quando assinou pela editora, juntando-os então numa mesma caixa.
Retrospective (2014) é, como o título sugere, uma caixa “retrospetiva” que, originalmente disponível apenas em CD, incluía, além de Infra, três outros álbuns lançados entre 2004 e 2010. Eram eles The Blue Notebooks (onde juntou palavras de Kafka na voz de Tilda Swinton), Songs From Before (que coloca Robert Wyatt a ler Murakami) e 24 Postcards in Full Colour (uma reflexão de microcomposição a partir da noção de ringtone). Aos poucos todos eles têm vindo a conhecer edição avulso em CD e vinil (juntando ainda, naturalmente, as plataformas digitais). Agora foi a vez de Infra. Falta apenas 24 Postcards in Full Colour para concluir a revisão da matéria dada por Max Richter nesta primeira década do século, cujas visões tanto na música orquestral como de câmara ele tem ajudado a definir.

“Infra”, de Max Richter, está disponível em LP, CD e nas plataformas digitais numa edição da Deutsche Grammophon.

E aqui imagens da produção original de Infra apresentada na Royal Opera House, em Londres, em 2009:

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