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Dez clássicos do ‘Summer of Love’

Seleção e textos: NUNO GALOPIM

Ficou conhecido como o ‘summer of love’ mas na verdade não se esgotou nos meses quentes de 1967 nem na cidade de São Francisco. Cinquenta anos depois ficam aqui alguns dos temas que fizeram a banda sonora desses dias de paz e amor.

Os Love

Depois de primeiros acontecimentos registados nos meses anteriores e de uma cada vez mais evidente presença de forasteiros animados pelos valores da emergente cultura hippie, a cidade de São Francisco tornava-se, há precisamente 50 anos, no mais vibrante palco de um fenómeno de cultura que tinha o pacifismo como uma das suas causas mais evidentes, o amor como argumento prioritário e a música como uma das suas principais formas de expressão.

Chamavam a si mesmo “flower children” e o movimento que geraram ficou conhecido como o “summer of love”. Não foi na verdade nem coisa exclusiva do verão de 1967 nem da cidade de São Francisco, já que se alarga no tempo a uns meses antes e uns depois e, no espaço, a outros lugares, desde Los Angeles e Londres ou até mesmo até à Austrália e outras mais geografias…
Los

Cinquenta anos depois aqui ficam dez das canções que marcaram a banda sonora desses dias.

Scott McKenzie “San Francisco (Be Sure to Wear Some Flowers in Your Hair)”
Havia antecedentes na região de São Francisco na forma de num primeiro encontro que tivera lugar no Golden Gate Park em janeiro de 1967. Desde então jovens estudantes começaram a rumar ao bairro de Haight-Ashbury. Chamavam a si mesmos “flower children” e conheceram em San Francisco, de Scott McKenzie, o seu primeiro hino. O single, editado em maio de 1967, chegou ao número 4 na tabela de singles dos EUA, aí ficando por quatro semanas consecutivas.

The Beatles “All You Need Is Love”
Em Junho de 1967 os Beatles foram convidados a apresentar uma canção para um evento televisivo com projecção global. The World, assim se chamaria a emissão, a transmitir em directo para 400 milhões de espectadores em 26 países. Foi-lhes pedida uma canção que expressasse a ideia do evento, que vincasse uma ideia transversal à humanidade. E avançaram com All You Need Is Love. Um hino pela paz e pelo entendimento, a canção juntou aos Beatles, em estúdio, uma pequena orquestra e um coro entre o qual se contavam nomes como os de Mick Jagger, Marianne Faithfull, Keith Richards, Eric Clapton ou Keith Moon.

Beach Boys “Heroes and Villains”
Depois da visão registada em Pet Sounds a ambição narrativa e musical de Brian Wilson encaminhou-o rumo a um projeto que teve em Good Vibrations uma primeira expressão não só da complexidade sonhada mas também do grau de risco e morosidade de todo o projeto. Smile, o álbum no qual trabalhou meses a fio acabou por lançá-lo num abismo, ficando o disco inacabado e sendo um outro, Smiley Smile, lançado em seu lugar. No alinhamento deste surge uma canção inicialmente destinada a Smile e que surgere o assimilar dos ecos daqueles tempos segundo as ideias de Brian Wilson. Heroes and Villains foi editado como single no verão de 1967.

The Seeds, “A Thousand Shadows”
Entre os terrenos do então emergente garage rock e o psicadelismo os The Seeds, banda natural de Los Angeles, ganharam visibilidade maior depois da edição do álbum A Web of Sound (de 1966). Editado em junho de 1967 o single A Thousand Shadows abriu caminho para a chegada de Future, o terceiro álbum da banda. Mesmo sem terem conhecido o impacte comercial de alguns dos seus contemporâneos, os Seeds seriam uma banda mais tarde referida como influência por várias bandas punk.

Love “Que Vida!”
Com o oceano Pacífico de um lado e o deserto de outro, o psicadelismo californiano revelou nomes de popularidade maior como os Grateful Dead, Doors ou Jefferson Airplane. Mas nenhum atingiu nunca a filigrana de ideias, estímulos e formas que os Love registaram no sublime Forever Changes, editado em novembro de 67. Deles, nos meses de verão, ouvia-se certamente este Que Vida!, do anterior DaCapo.

Pink Floyd “See Emily Play”
O segundo single dos Pink Floyd foi escrito por Syd Barrett e gravado em meados de junho de 1967. See Emily Play, que fez correr alguma tinta sobre quem seria a Emily de quem se fala, corresponde ao momento das primeiras passagens pelo estúdio de David Gilmour (ainda longe de ser elemento da banda). É contudo nessas sessões que Gilmour reconhece primeiros sinais de mudança de personalidade em Syd Barrett. Produzido por Norman Smith, atingiu o nº 6 na tabela britânica de singles.

Rolling Stones “We Love You”
Editado como single em agosto de 1967 este tema, mesmo não tendo sido depois integrado no alinhamento de Their Satanic Majesties Request, corresponde a uma das mais importantes contribuições dos Rolling Stones para a banda sonora psicadélica que se escutou no summer of love. Allen Ginsberg estava de visita a Londres e foi um dos convidados para ir a estúdio assistir às gravações… Também convidados, mas tendo participado nos coros (apesar de não creditados) estão Lennon e McCartney.

The Turtles “Happy Together”
Os Turtles foram uma das muitas bandas californianas a merecer exposição global por alturas do Summer Of Love. Apesar da longa carreira discográfica, originalmente com registos de 1965 a 70, depois reactivada em 1984, são sistematicamente recordados pelo incontornável Happy Together, single de 1967, há alguns anos redescoberto por muitos na cena final do filme, com o mesmo título de Wong Kar-Wai.

Jefferson Airplane “White Rabbit”
Grace Slick, que se juntara aos Jefferson Airplane (banda de São Francisco) em 1966, compôs esta canção a partir de uma evidente fonte de inspiração: o momento em Alice no País das Maravilhas em que, ao beber um líquido ou comer um pedaço de bolo a protagonista muda dramaticamente de tamanho… Não será depois difícil fazer a leitura entre esta imagem e as drogas alucinogénicas que estão associadas a este movimento… White Rabbit é ainda hoje um dos singles de referência maior deste tempo.

Small Faces “Itchycoo Park”
Editado em agosto de 1967 este não só se tornou num dos hinos maiores do verão de 1967 como é hoje reconhecido como um dos clássicos de referência da obra dos londrinos Small Faces que, nascidos em clima “mod” dois anos antes, assimilavam então os sinais dos tempos. Além de traduzir ecos deste clima cultural, o single representou a primeira utilização do efeito de “flanging” (uma manipulação de fitas que causa um tipo de reverberação diferente) que aqui é usado antes de cada refrão.

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