“Songs of Faith and Devotion/Live”: um álbum de estúdio em retratos de palco
Texto: NUNO GALOPIM
O progressivo estatuto conquistado pelos Depeche Mode como uma banda com fortes credenciais no palco conhecera por alturas da edição do álbum ao vivo 101 um momento de reconhecimento crítico e popular. Acompanhado por um filme de D.A. Pennebaker, 101 cimentou a consciência global das qualidades performativas que a banda fora conquistando ao longo dos oitentas e que, logo depois, se manifestou sob ainda mais franca adesão nas digressões que acompanharam os álbuns Violator e Songs of Faith and Devotion. E foi desta última que nasceu o segundo álbum ao vivo dos Depeche Mode.
Songs of Faith and Devotion / Live é um disco com um conceito diferente daquele que definira 101 já que, em vez de documentar um concerto (ou parte do seu alinhamento) revela um alinhamento que corresponde a uma composição feita em estúdio a partir de gravações captadas ao vivo, replicando, assim, pelo palco, o acoplamento de faixas do álbum Songs of Faith and Devotion, usando para esse efeito momentos captados em atuações em Liévin (França), Copenhaga (Dinamarca) e New Orleans (EUA). Para um documento mais completo da Devotional Tour, que naturalmente envolvia temas exteriores ao álbum que lhe servia de mote, o vídeo Devotional cumpriria a missão.
Este é assim mais um retrato de momentos de palco nos quais se reflete o aprofundar de um relacionamento do som dos Depeche Mode com elementos do rock, dos blues e do gospel, tal e qual o sugeria o álbum de estúdio. Ao contrário de 101 este disco, editado em dezembro de 1993, não gerou nem o mesmo impacte entre o grande público nem colheu entusiasmos tão evidentes na crítica. Não deixa, contudo, de ser um bom documento das qualidades interpretativas da banda num momento de grande forma (nos planos criativos e performativos).
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