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Pop eletrónica para veteranos

Texto: NUNO GALOPIM

O novo “The Punishment of Luxury” é o melhor dos álbuns dos OMD após a reunião da banda e confirma no grupo o melhor exemplo de veterania entre os nomes da primeira geração da pop eletrónica britânica.

Nada como as exceções para baralhar quem acredita que tudo acontece sempre segundo os mesmos princípios… E de facto não é difícil torcermos o nariz quando se fala de discos novos por parte de bandas com algumas décadas de existência que, após hiatos, se reúnem e resolvem gravar novos álbuns de material inédito… E basta citar nomes notáveis como os Bauhaus, Culture Club ou Visage (para ficar entre figuras da mesma geração) para que o ceticismo encontre confirmação nos títulos bem fraquinhos com que deram novas canções às suas novas vidas… Mas há sempre exceções. E, entre esta geração britânica com berço entre finais dos setentas e inícios dos oitentas, o nome dos OMD cada vez mais parece ser o de uma digníssima fuga ao modelo… É que, a cada novo disco que lançam, cada vez mais parecem se aproximar do patamar dos melhores momentos da sua discografia – que corresponde aos álbuns Architecture & Morality de 1981, Dazzle Ships, de 1983 e Junk Culture, de 1984.

Depois de uma ausência de 11 anos, maior ainda se tivermos em conta que Paul Humphries se havia afastado da banda em 1989 (apesar de manter uma colaboração autoral até 1996 salvo no álbum Sugar Tax de 1991), os OMD voltaram a juntar a sua dupla original, por um lado trabalhando um regresso aos palcos a partir de 2007, três anos depois acrescentando à sua discografia o inesperadamente bem nascido History of Modern. Em 2013 fizeram de English Electric mais um passo seguro, juntando a bordo sinais da sua genética kraftwerkiana a ecos da obra que haviam gravado em meados dos anos 80. Quatro anos depois o novo The Punishment of Luxury retoma precisamente essas duas linhas centrais de ação sem, contudo, procurar fazer das janelas abertas para com a memória uma declaração de nostalgia.

A matriz kraftwerkiana é bem evidente (de resto assim acontece desde o seu single de estreia, Electricity, de 1991 e repete-se agora, sob clima festivo, em Art Eats Art), mas são igualmente claras as visões pop bem elaboradas de Architecture & Morality e Junk Culture, assim como pontuais episódios de fuga a soluções mais normativas como sucedeu no magistral Dazzle Ships. Este é assim um disco que define um sólido par com o anterior English Electric, se bem que com ainda melhores canções. E assim, tal como acontece entre grandes veteranos da cultura pop/rock, de McCartney a Dylan e outros mais, também entre os pioneiros de outrora da pop eletrónica o passar do tempo mostra que nem todas as boas ideias e canções surgem em início de carreira.

“The Punishment of Luxury”, dos OMD, é uma edição em CD e LP igualmente disponível nas plataformas digitais numa edição da 100% ★★★★

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