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Os dez melhores singles dos OMD

Seleção e textos: NUNO GALOPIM

No momento em que se assinala a boa saúde dos veteranos Orchestral Manouevers in the Dark em “The Punishment of Luxury” propomos uma viagem através dos seus dez melhores singles…

Banda fulcral entre a primeira geração da pop electrónica britânica, contemporâneos de nomes como os Human League, The Normal, Tubeway Army ou Cabaret Voltaire, os OMD eram os diferentes entre os diferentes na Liverpool pós-punk que então via nascer outras figuras que fariam história, dos Teardrop Explodes aos Wah!, passando pelos Echo & The Bunnymen ou Dead or Alive. Apenas acompanhados por instrumentos electrónicos (as excepções a dada altura apenas autorizadas a um baixo e bateria), os OMD partiam de uma admiração pelos Kraftwerk e outros visionários alemães e procuravam uma nova linguagem ao serviço da canção pop.

Estrearam-se em disco em 1979 e em menos de dois anos eram não apenas um fenómeno de sucesso com dimensão internacional como tinham chegado ao patamar de um som distinto e caracteristicamente seu pelo qual definiram uma obra que viveu os seus dias de maior sucesso na primeira metade dos anos 80, mantendo-se ativa até um fim decretado em 1996.

Reencontraram-se em 2007. Como tantos outros regressos, começaram pela estrada, recordando na íntegra o seu álbum histórico de 1981 Architecture and Morality e chegando mesmo a editar um registo em disco dessa digressão (o primeiro live album da discografia dos OMD). Só então decidiram o passo seguinte. E em History Of Modern encontraram o primeiro passo de uma nova etapa que os tem visto em constante atividade, tendo recentemente editado em The Punishment of Luxury o seu melhor disco desde os dias de glória em meados dos oitentas.

Em tempo de celebração destes ilustres veteranos da pop eletrónica, recordemos os seus melhores singles:

1. “Joan of Arc” (1981)
Depois de obtidos êxitos de dimensão global com canções como Enola Gay e Souvenir (esta última apresentada como o primeiro avanço para o que viria a ser o terceiro álbum de originais dos OMD, eis que coube aos dois singles seguintes não só o contar de duas partes de uma mesma história mas também o assegurar de que, apesar de pensada com formas menos próximas daquilo que estava a começar a ser uma nova pop eletrónica mainstream, a canção cimentaria o patamar de popularidade que a banda começava a gozar. Inspirada pela figura de Joana d’Arc, o single sugere uma construção com produção elaborada, com gosto por uma noção de estrutura e cenografia que quase parece coisa do foro do cinema e quase antecipa ideias mais arrojadas depois ensaiadas no álbum de 1983. O tema teria continuidade em Maid of Orleans, aquele que surgiria pouco depois como o terceiro single para o álbum Architecture & Morality.

2. “Enola Gay” (1980)
Apesar das primeiras passagens pelas tabelas de vendas com Red Frame/While Light e, com maior visibilidade ainda, Messages, ambas em 1980, foi na reta final desse ano que, ao apresentar o seu segundo álbum os OMD conquistaram o seu primeiro momento de sucesso global. Aconteceu com uma canção que apresentava como título o nome do bombardeiro que lançou a primeira bomba atómica, questionando se afinal aquele momento teria sido mesmo necessário. Apesar dessa carga histórica a canção revelava formas festivas, tanto que ainda hoje é daquelas que enche pistas de dança em momentos de incursão dos DJ por memórias dos anos 80.

3. “Genetic Engineering” (1983)
Depois de alcançado um patamar de considerável sucesso com o álbum Architect & Morality (1981), que ajudara a definir um dos mais importantes episódios da primeira geração de álbuns de uma nova pop feita com ferramentas eletrónicas no Reino Unido, os OMD apostaram no disco seguinte numa arriscada construção de uma visão mais concetual e algo experimental que lhes custou uma valente quebra nas vendas mas, e em contrapartida, outro dos mais interessantes momentos de toda a sua discografia. Para apresentar Dazzle Ships, que frequentemente fugia para lá das fronteiras da canção pop, apresentaram Genetic Engineering, single que mostrava, mesmo sob formas pop, como uma visão sónica mais desafiante estava ali em jogo, usando frequentemente sons gerados por objetos do dia a dia.

4. “Talking Loud and Clear” (1984)
Depois de Locomotion, que serviu de cartão de visita ao álbum Junk Culture, através do qual os OMD procuraram um caminho de divergência face às abordagens menos canónicas e algo experimentais de Dazzle Ships, coube a Talking Loud and Clear, o single seguinte, cimentar um estatuto de dimensão geográfica mais alargada e feito em terreno mainstream que caracterizaria a vida da banda em meados da década de 80. Assim aconteceu, mesmo não tendo repetido o patamar de popularidade maior de Locomotion.

5. “Telegraph” (1983)
O segundo single extraído do alinhamento do álbum Dazzle Ships corresponde a uma canção que tinha sido originalmente considerada, naturalmente numa versão diferente, para integrar Architecture & Moratilty (1981). Um novo arranjo, pensado em sintonia com as características mais desafiantes daquele que foi o álbum mais ousado na obra dos OMD não deixou de valorizar as características pop de uma das canções mais fortes de todo o disco. Curiosamente Telegraph ficou aquém dos resultados de Genetic Engineering, o outro 45 rotações extraído deste mesmo álbum.

6. “Messages” (1980)
Originalmente apresentado no alinhamento do álbum de estreia Orchestral Manouevers In The Dark, Messages foi depois regravado para, em maio de 1980, surgir como o terceiro single do grupo dando-lhe, finalmente, um primeiro episódio de reconhecimento maior junto do público. A canção revela ainda evidentes proximidades com as influências primordiais escutadas entre discos dos Kraftwerk, sublinhando, tal como o fizera o single de estreia Electricity, uma vontade em ceder o refrão ao desenho de uma melodia protagonizada pelos sintetizadores, omitindo aí a presença da voz.

7. “Locomotion” (1984)
Depois do mais experimental Dazzle Ships os OMD rumaram a um novo episódio na sua carreira sob o desejo de reencontrar um patamar de popularidade que o álbum de 1983 não alcançara. Locomotion, canção pop luminosa (e com arranjos de metais por Tony Visconti) foi o cartão de visita para o mais bem sucedido. O single (tal como o álbum que se seguiu) marcou de resto o início de uma etapa de mais evidente posicionamento dos OMD no panorama pop mainstream de então.

8. “Isotype” (2017)
O regresso à atividade dos OMD juntou uma vontade em revisitar as memórias dos seus melhores álbuns – Architecture & Morality e Dazzle Ships – a um desejo em voltar a criar e editar nova música. Com melhores resultados do que muitos dos seus contemporâneos em semelhantes viagens de regresso, os OMD editaram já três discos de inéditos desde a sua reativação, o mais recente dos quais lançado há poucas semanas. Isotypes foi um dos singles que lhe serviu de cartão de visita, sublinhando uma vez mais a matriz kraftwerkiana que tem cruzado toda a obra do grupo.

9. “Sailing on the Seven Seas” (1991)
Descontente com os caminhos mais “comerciais” que a música dos OMD estava a tomar nos últimos tempos Paul Humphries, um dos fundadores da banda, afastou-se em finais dos anos 80, acabando por levar consigo para uma nova aventura dois outros elementos da formação de então da banda. Andy McCluskey toou então as rédeas dos OMD, editando ainda uma série de novos discos até que um ponto final chega em 1996. Sugar Tax, de 1991, seria o mais sólido destes novos álbuns, cabendo a este single ser o seu cartão de visita, resultando num dos melhores resultados para os OMD na tabela de singles do Reino Unido.

10. “Electricity” (1979)
A estreia dos Orchestral Manouevers in the Dark fez-se com um single editado pela mítica Factory Records. Electricity não escondia em nada a filiação que inscreviam entre o legado então a ser redigido pelos alemães Kraftwerk. Mas desde logo mostravam mais vibrante uma demanda pop do que uma costela experimental.

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