Poucas semanas depois de editado um disco com a memória captada ao vivo da derradeira digressão dos The Knife, Karin Dreijer regressa com um inesperado segundo disco do projeto Fever Ray que parece querer continuar os caminhos que antes seguia na sua velha banda.

Oito anos depois de ter lançado um primeiro álbum de um projeto a solo, quando não se falava ainda do fim dos The Knife, Karin Dreijer regressa, de surpresa, com um segundo disco que assina novamente como Fever Ray. Passadas poucas semanas sobre o lançamento de um registo gravado ao vivo da digressão final dos The Knife – disponível em vários formatos, juntando o áudio e o vídeo – eis que revela em Plunge um conjunto de canções que, mais do que as que se mostravam no álbum editado em 2009, parecem claramente ligadas às diversas genéticas que associamos ao grupo que, durante anos, manteve em parceria com o seu irmão.

Mas se musicalmente as canções de Plunge parecem ser o elo perdido entre as formas mais poildas de Silent Shout e a angulosidade (por vezes sedutoramente incómoda) de Shaking The Habitual, com bem evidentes afinidades com as eletrónicas e a abordagem vocal usadas nesse último álbum editado em 2013, já liricamente o segundo capítulo que Karin lança como Fever Ray revela-se política e pessoalmente alinhado segundo o que foi também a sua postura na etapa final de vida dos The Knife.

Mais atraente como um corpo coeso de composições do que como uma mera coleção de novas canções, Plunge é um novo mergulho numa alma ativista que encontrou a sua voz criativa e não esconde o interesse em continuar a explorar as suas possibilidades e parece querer concentrar-se mais nas ideias centrais do que nos adornos formais. Só em fevereiro de 2018 haverá edição em vinil e em CD. Mas para já o segundo álbum do projeto Fever Ray tem tudo para habitar a lista dos grandes discos de 2017.

“Plunge”, dos Fever Ray, é uma edição da Rabid Records apenas disponível em plataformas digitais. ★★★★