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O sobrevivente

Texto: NUNO GALOPIM

Uma das mais marcantes série de comics da primeira década do século “Y: O Último Homem” apresenta uma distopia de ficção científica que imagina o mundo depois de afetado por um acontecimento que matou todos os homens… menos um.

Cenário presente em algumas distopias a ideia de uma praga ou um qualquer outro acontecimento que coloca em risco a possibilidade de sobrevivência da espécie humana no planeta que lhe serve de casa está por isso longe de ser “a” novidade maior que habita as páginas dos vários volumes de Y: O Último Homem, uma das mais aclamadas e premiadas série de comics da história recente da banda desenhada norte-americana. Do histórico The Last Man, de 1826, de Mary Shelley (a autora de Frankenstein) a livros de finais do século como The White Plague (1982) de Frank Herbert ou The Children of Men (1992) de P.D. James, que conheceu adaptação ao cinema em 2006 por Alfonso Cuarón, foi sendo definido m espaço narrativo no qual Y: O Último Homem se inscreve, aceitando de uns e outros algumas referências ou pistas, mas acabando por definir nas suas páginas um universo muito próprio que toma como objeto da sua atenção o único homem que parece ter sobrevivido a um acontecimento (terá sido uma praga?) que matou instantaneamente todos aqueles que tinham cromossomas “Y” nos núcleos das suas células… Na verdade, Yorick (o protagonista), que assim se torna num ser “precioso”, não é o único ser masculino sobrevivente já que com ele continua vivo o pequeno macaco que lhe faz companhia. De resto, e num mundo que entrou em caos depois de quase metade da população ter perecido em poucos instantes, numa espécie de genocídio sem aparente razão, que ninguém conseguiu nem explicar nem travar, as populações e as instituições reorganizaram-se de forma diferente. E é nesse mundo diferente, apenas habitado por mulheres, que toda a ação vai decorrer.

Com o seu primeiro comic publicado pela Vertigo em 2002, Y: The Last Man (o seu título original) é uma criação conjunta do norte-americano Brian K. Vaughan (que foi argumentista e produtor da série Lost entre a terceira e quinta temporadas e trabalhou em série de comics tanto da Marvel como da DC) e da canadiana Pia Guerra, a série desenvolveu-se ao longo de sessenta números que depois foram reunidos em álbuns. Pelo caminho foi recebendo prémios em nomeações em edições dos Eisener Awards (a grosso modo, os óscares da banda desenhada norte-americana) e dos Hugo Awards (o número 10 da série estreou, inclusivamente, uma categoria para “histórias gráficas”). Este reconhecimento pelos Hugo Awards sublinha o papel importante que a série acabaria por conquistar no universo recente das histórias de ficção científica contadas em banda desenhada.

Há muito terminada, a série Y: O Último Homem naturalmente não ficou longe das atenções dos universos do cinema. Durante anos houve notícias de uma adaptação em curso, que entretanto acabou por não se materializar, estando neste momento na linha do horizonte a possibilidade de uma adaptação ao formato de série televisiva. Há já algum tempo disponível entre nós através da sua edição em cinco volumes pela Vertigo, eis que finalmente conhece tradução para português, numa série de lançamentos semanais pela Levoir.

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