O novo disco dos The Clientele representa a sua primeira edição no formato de álbum em sete anos e traz-nos tranquilas canções com arranjos elegantes que servem, que nem luva, aos dias que estamos a viver.

O que é um álbum de outono? É verdade que o conceito é tão vago que, com as palavras certas, quase ali podemos encaixar a música que sirva a argumentação apresentada… Mas se ouvirem o belo Music For The Age of Miracles, dos The Clientele, talvez nem sejam precisas grandes explicações, porque as canções quase falam por si.

Quem são os The Clientele, podem perguntar… Talvez mais conhecidos nos EUA do que na Europa, são uma banda britânica, com uma obra em disco que soma já diversos álbuns e EPs e cuja estreia remonta já a finais dos anos 90 e cuja identidade tem sido marcada por uma abordagem à canção segundo princípios clássicos, demonstrando um gosto em trabalhar arranjos elegantes (e abertos a vários timbres) e com natural protagonismo pela muito característica voz suave e quente de Alasdair McLean.

Em 2011, meses depois de terem editado o álbum Minotaur, anunciaram um hiato sem fim determinado. Quebraram o silêncio três anos depois tanto no palco como com um single. Mas o verdadeiro novo episódio é aquele que agora se materializa num álbum que herda as linhas mestras da identidade da banda, trazendo de novo a sua melhor coleção de canções. Na sua alma há uma assimilação de ecos da folk e de vivências pop dos sessentas sobre os quais arranjos orquestrais luminosos e positivos juntam calor a canções que não escondem a melancolia que lhes vai na alma… A tal coisa de outono… E num tempo de tantas sombras e ansiedades, um disco feito de luz e que não procura a fuga pela festa, antes pela paz e conforto, não podia ser melhor ideia…

“Music For The Age of Miracles”, dos The Clientele, está disponível em LP, CD e nas plataformas digitais numa edição da Tapete Records. ★★★★