Saint-Saëns ‘made in’ Roma
Texto: NUNO GALOPIM
Compositor marcante na história da música francesa do século XIX, Camille Saint-Saëns (1835-1921) manteve firme uma relação com os princípios e influências do romantismo mesmo quando, já em pleno século XX, outros contemporâneos seus ensaiavam novos caminhos. Também ele organista – foi durante algum tempo o organista residente na igreja parisiense da Madeleine, alguns anos antes de Fauré ocupar o mesmo lugar – Camille Saint-Saëns compôs a sua terceira sinfonia a pedido de uma encomenda da Royal Philharmonic Society de Londres, a mesma que algumas décadas antes encomendara a Beethoven a sua “nona”. Interessado em explorar as novas potencialidades instrumentais disponíveis no seu tempo, Saint-Saëns pensou a sinfonia como uma obra orquestral capaz de envolver a presença do piano e de um grande órgão. Amigo e admirador de Lizst (a quem chegou a mostrar a partitura desta sinfonia), herda aqui a ideia de cruzar as potencialidades do som do órgão com as cores de uma orquestra, tal e qual o compositor húngaro havia feito no seu poema sinfónico Hunnenschlacht, deste compositor herdando ainda o interesse pelo desenvolvimento e transformação de temas.
A Sinfonia Nº3 de Saint Saëns é protagonista no alinhamento de um disco que tem os elementos da Orchestra Dell’Academia Nazionalle di Santa Cecilia, dirigidos por Antonio Pappano, em evidência. Com Daniele Rossi como organista, esta gravação registada ao vivo em auditórios do Parco della Musica (em Roma) surge em disco juntamente com uma interpretação d’O Carnaval dos Animais (do mesmo compositor), aqui com dois pianistas em destaque, que são nem mais nem menos do que Martha Argerich e o próprio Pappano.
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