Design para o pequeno ecrã
Texto: NUNO GALOPIM
Não se esgota nos domínios da ficção o que há de cativante na oferta recente de séries criadas para o pequeno ecrã. E um bom exemplo chega, via Netflix, através de Abstract – The Art of Design, uma série que dedica a sua atenção aos domínios do design e algumas outras artes que lhe estão próximas.
São oito episódios, cada qual centrado na (vida e) obra de um profissional numa área em concreto, procurando cada abordagem explorar visualmente o seu trabalho, dar conta do seu percurso, espreitar os seus processos criativos e, naturalmente, o relacionamento das suas criações com a sociedade.
As capacidades de comunicação ou a forma de conseguir revelar visualmente as suas obras são variáveis em cena. E se no caso do arquiteto dinamarquês Bjarke Ingels o seu registo à la pop star e a facilidade com que a câmara observa os edifícios em planos relativamente curtos são uma vantagem em favor do episódio que lhe é dedicado, já o trabalho da cenógrafa Es Devlin pedia mais uns instantes de contemplação e um alargamento de pontos de vista para que quem não tenha assistido aos espetáculos por si criados possa ter uma noção mais panorâmica do que estava de facto ali em jogo.
Os critérios editoriais que conduziram à seleção dos oito nomes em foco nesta primeira época permitem, mesmo sob estas flutuações, momentos de revelação e satisfação que conseguem transcender as eventuais maiores ou menores afinidades dos interesses do espectador para com a temática central de cada episódio. Além da arquitetura e da cenografia esta série aborda ainda os universos do design de interiores (Ilse Crawford), design gráfico (Paula Scher), design de automóveis (Raloh Gilles), design de calçado (Tinker Hatfield), ilustração (Christoph Niemann) e fotografia (Platon).
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