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As dez melhores séries de 2017 (Nº 1)

Estas foram as dez melhores séries de televisão de 2017, segundo o voto coletivo da equipa da Máquina de Escrever. Uma a uma aqui vão surgir ao longo dos próximos dias, em contagem decrescente. E no número 1 está…

Estas foram as dez séries de TV mais votadas pela equipa da Máquina de Escrever. O método foi simples, pedindo a cada um que integra a equipa, independentemente das águas em que habitualmente navegue, que escolhesse as suas dez séries favoritas do ano, da soma das votações surgindo esta lista de dez.

1. “The Handmaid’s Tale”
Muitos não conseguiram ver a primeira temporada de seguida. The Handmaid’s Tale é intensa, bruta, pesada. E a pior parte: incrivelmente verosímil, em 2017. A série que deixou assolados critica e público, e que colocou a plataforma de streaming Hulu no mapa pela primeira vez, retrata um futuro distópico onde as mulheres são privadas de qualquer direito. As que são férteis são raptadas e levadas paras Gilhead, os novos EUA, um estado governado por homens fanáticos religiosos de extrema-direita, que as violam constantemente até que consigam dar filhos às suas mulheres, tornadas inférteis devido às transformações que surgiram como consequência de um mundo em guerra. A série é baseada no romance homónimo de Margaret Atwood, lançado há quase 30 anos e leitura obrigatória nas escolas nos EUA, uma obra que mostra resistir aos testes do tempo, mantendo-se estranhamente atual. Quanto ao elenco, o que dizer? A grande favorita dos Emmy deste ano tem em Elizabeth Moss uma irrepreensível cabeça-de-cartaz, com uma performance que deixa até os mais distraídos com um nó na garganta. Ou Ann Dowd, uma magnífica vilã que evita o erro de se tornar unidimensional. A segunda temporada, felizmente, chega já em abril. – Nuno Cardoso

2. “The Last Panthers”
Em finais de 2015 soubemos que havia uma nova canção de David Bowie na linha do horizonte porque (e aquilo era um exercício na arte da comunicação) se disse que uma nova série usaria no genérico um inédito seu… E lá vimos as imagens, e os primeiros 45 segundos de Blackstar, só depois o álbum (que surgiria a 8 de janeiro de 2016) sendo anunciado. Na verdade estava tudo mesmo muito ligado. O genérico anunciava The Last Panthers, uma minissérie de seis episódios, criada por Jack Thorne e toda ela realizada pelo sueco Johan Renck, o mesmo que assinou os telediscos de Blackstar e de Lazarus (os que nos confirmaram que havia mesmo um novo disco de Bowie a caminho)… A história é baseada em elementos reais, citando diretamente o nome de um gangue que operava em estados nascidos da fragmentação da Jugoslávia. Mas não esgota aí a sua ação, já que envolve forças e interesses que se expandem a outros focos europeus, com focos maiores (além do balcânico) na região de Marselha onde ocorreu um assalto operado pelo gangue e cuja investigação coloca em cena um oficial da polícia francês filho de emigrantes magrebinos e conhecedor (porque em tempos ali viveu) das dinâmicas nos bastidores de um bairro suburbano, o mesmo do qual saíram as armas usadas no roubo.Se a excelência do elenco (sob magnífica direção de atores) e a música de Bowie no genérico são evidentes aperitivos para quem ouvir falar de Os Últimos Panteras e olhar para a sua ficha técnica, já o acompanhar da série vai destacar também o sólido trabalho de escrita de argumento, a estupenda banda sonora instrumental assinada por Clark (que está disponível em disco) e o brilhante esforço numa realização cinematográfica que tanto sabe traduzir realismo como encontrar uma assinatura visual esteticamente aprumada (e aqui os telediscos de Bowie voltam a fazer sentido como referência).- N.G.

3. “Star Trek: Discovery”
Convenhamos que não era um desafio fácil. Mas exequível… Se na definição das personagens e do contexto houve uma vontade em fixar raízes na mitologia da série (mesmo criando um conflito com características inesperadas face ao que dele se “sabia” antes), já na abordagem visual a nova série não teve receio em pensar com ousadia. E na melhor expressão da velha máxima “e agora para algo completamente diferente” apresentou uma visão (física) dos klingon distinta, assim como uma abordagem visual aos interiores dos espaços e guarda roupa que estão claramente mais perto de linguagens contemporâneas do que da vontade em servir revisitações de formas e cores de outras… vidas. Foi contudo no plano da construção narrativa e exploração das personagens que Star Trek: Discovery jogou os seus trunfos. Apostou na construção de um arco narrativo que se estende de episódio para episódio em vez de tratar cada um como um “conto” que se resolve em si mesmo. Ao mesmo tempo que esse grande arco evolui – acompanhando o eclodir de um conflito galáctico, a descoberta de uma nova forma de propulsão e uma tentativa de luta contra uma nova arma do inimigo – há ali espaço para a apresentação gradual das personagens, aprofundando entre cada uma e os seus relacionamentos os sinais de diversidade e tolerância de que Star Trek sempre foi um veículo à frente do seu tempo. Com as qualidades que se recordam da série clássica e da “next generation”. Mas com um trabalho de escrita, de imagem e de realização que lhe dão já crédito por si mesma sem a necessidade de convocar a caução do passado. – N.G.

4. “Please Like Me”
Uma das características do new queer cinema, que nos anos 90 representou um momento de viragem na representação de personagens queer no cinema, foi o deixar para trás quer os papéis mais assombrados ou jocosos de outros tempos e também o politicamente correto que poderia chegar com os novos sinais dos tempos. De certa forma é o que faz Please Like Me, série num registo de comédia que coloca o dedo nas feridas não apenas de questões do nosso tempo mas no modo de nos relacionamos entre nós mesmos, do plano da família ao dos amigos ao dos amores. Produção australiana criada por Josh Thomas (que também protagoniza a série), Please Like Me surgiu pela primeira vez nos ecrãs em 2013 e chegou ao fim da quarta (e última) temporada em dezembro de 2016, estes últimos episódios tendo surgido no Netflix já este ano. Ao longo de um arco que se desenhou em 32 episódios com perto de meia hora cada um a série conta-nos o mundo de Josh, um jovem gay australiano de uma frontalidade sem filtro na hora de dizer aos outros o que pensa. As personagens ao seu redor permitem depois a criação de uma trama que passa por questões como a doença mental, o preconceito, a insegurança ou o suicídio. A culinária e os sabores cruzam também os episódios, um deles chegando mesmo a apresentar “portuguese custard tarts”, ou seja, pastéis de nata (feitos pelo próprio protagonista). – N.G.

5. “Sherlock”
Após quatro anos de espera, a pequena temporada de três episódios de Sherlock revelou-nos a construção de uma outra identidade (não será esta a verdadeira?) da personagem interpretada por Benedict Cumberbatch. Sob a égide do sentimento como força motriz da própria racionalidade de Sherlock Holmes emergiram novas personagens que fizeram com que o universo de Sir Arthur Conan Doyle, que se (re)materializou numa Londres contemporânea a partir da porta 221B de Baker Street, ganhasse novos contornos. O último episódio desta temporada foi o mais relevante de todos. The Final Problem, surgiu estrategicamente concebido para ser um digno último episódio para a série – muito cerebral, sem se ancorar nas deduções sucessivas; dramático, sem se tornar demasiado enfadonho. Conceitos até então pouco explorados – como a família e a infância – passaram a ser as peças estruturantes para tornar esta temporada não só a mais interessante, como a mais disruptiva da série, com o encadeamento comum às três anteriores. – Gonçalo Cota

6. “The Young Pope”
Produzida pela HBO, a Sky e o Canal Plus, esta minissérie criada e dirigida pelo cineasta italiano Paolo Sorrentino é uma ficção estranha e insólita mas interessante. The Young Pope é aquele tipo de objeto que tem tudo para deixar as pessoas sem saberem bem o que pensar dele. Uns acham inverosímil e surreal, outros consideram que tem momentos um pouco ridículos, outros ainda não conseguem decidir-se quanto ao rótulo a aplicar-lhe (se é sátira, se pretende ser comédia, se é mesmo só um pouco bizarra ou até um extraterrestre). Digamos antes que é contraditória, como o protagonista, o Papa Pio XIII (interpretado por um Jude Law que se entregou com empenho à personagem, percebendo as suas potencialidades). A história centra-se num recém-eleito sumo pontífice, o mais jovem de sempre, figura ao mesmo tempo revolucionária e conservadora, e um aparente “fantoche telegénico” que revela ter um pensamento muito mais autónomo do que seria de esperar. Também com Diane Keaton, Silvio Orlando, Javier Cámara, James Cromwell, Cécile De France, Ludivine Sagnier, entre outros. – Nuno Carvalho

7. “Abstract – The Art of Design”
Não se esgota nos domínios da ficção o que há de cativante na oferta recente de séries criadas para o pequeno ecrã. E um bom exemplo chega, via Netflix, através de Abstract – The Art of Design, uma série que dedica a sua atenção aos domínios do design e algumas outras artes que lhe estão próximas. São oito episódios, cada qual centrado na (vida e) obra de um profissional numa área em concreto, procurando cada abordagem explorar visualmente o seu trabalho, dar conta do seu percurso, espreitar os seus processos criativos e, naturalmente, o relacionamento das suas criações com a sociedade. Os critérios editoriais que conduziram à seleção dos oito nomes em foco nesta primeira época permitem, mesmo sob estas flutuações, momentos de revelação e satisfação que conseguem transcender as eventuais maiores ou menores afinidades dos interesses do espectador para com a temática central de cada episódio. A série aborda ainda os universos da arquitetura (Bjarke Ingels), cenografia (Es Devlin), design de interiores (Ilse Crawford), design gráfico (Paula Scher), design de automóveis (Raloh Gilles), design de calçado (Tinker Hatfield), ilustração (Christoph Niemann) e fotografia (Platon).- N.G.

8. “Twin Peaks”
Foi preciso esperar os profetizados 25 anos para voltar a Twin Peaks, mas como não há fome que não dê em fartura, tivemos direito a 18 episódios, 2 livros e duas bandas sonoras, já para não falar nas reedições relacionadas com a série original. David Lynch superou-se a si mesmo e deu-nos a “coisa” mais “lynchiana” de sempre. “Coisa” porque é difícil definir o que é Twin Peaks. A revista francesa “Cahiers du cinema” decidiu estar-se nas tintas para definições e elegeu a série como melhor filme do ano. Podíamos chamar-lhe um “universo”, mas se calhar era melhor chamar-lhe “multiverso”… Enfim… ficámos intrigados, deslumbrados, confusos, divertidos, comovidos. Nunca se viu nada assim na televisão (basta talvez dizer que tivemos uma chaleira a substituir David Bowie), mas talvez se volte a ver, se de facto houver mais uma temporada. Lynch, por enquanto, não diz que não… – Daniel Barradas

9. “Big Little Lies”
Na teoria, poderia ter sido uma cópia desastrosa e desnecessária de Donas de Casa Desesperadas. Na prática, Big Littles Lies não só mostrou ser o completo oposto como se emancipou como uma das séries mais faladas e aclamadas do ano. Esta sátira social a uma suposta vida dos ricos e bonitos, que gira em torno de um grupo de mães que escondem um segredo numa cidade costeira no subúrbio da Califórnia, tem quatro mulheres-forte a segurar a sua haste: Nicole Kidman, Reese Witherspoon (estas duas num regresso ao pequeno ecrã depois de uma longa ausência), Shailene Woodley e Laura Dern. É uma minissérie de sete episódios, baseada no best seller homónimo de Liane Moriarty, com argumento de David E. Kelly (Ally McBeal), realização de Jean-Marc Vallee (O Clube de Dallas) e Michael Kiwanuka a compor o tema do genérico. Com uma segunda temporada já encomendada pela HBO, a trama é uma das favoritas aos Globos de Ouro de janeiro, com seis nomeações. Ester ano já arrecadou oito prémios Emmy, tendo sido uma das grandes vencedoras da noite. – Nuno Cardoso

10. “Better things”
A série escrita por Pamela Adlon e Louis C. K. atingiu na segunda temporada uma absoluta maturidade. Esta é a história de uma família no feminino (avó, mãe, filhas) contada através de cenas chave que cruzam a comédia de sketch com a narrativa livre. Oscilando entre o hilariante, o comovente e o embaraçoso, cada episódio é uma surpreendente pérola. A capacidade de observação do quotidiano, do choque de gerações e do feminino/masculino são geniais. Uma família mais que imperfeita, interpretada do um leque de actrizes mais que perfeitas. – D.B.

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