Um reencontro, com sabor anos 90
Texto: NUNO GALOPIM
Juntar trabalho e um relacionamento pode ser fonte de entendimento ou precisamente o contrário. Que o digam Raphaelle Standell and Alex Kerby, dois canadianos que experimentaram já variações possíveis sobre esta ideia. Já foram um par. Já tinham editado discos como Blue Hawaii. E ela já deixara claro que era a bordo dos Braids que vislumbrava uma ideia de carreira a de mais longa duração… Mas depois de separados e de ter passado um tempo eis que se reencontraram e, de uma primeira sessão de trabalho nasceu um novo entendimento que os motivou ao ponto de fazerem um segundo (e inesperado) álbum conjunto, parecendo que pela frente podem ter ainda mais experiências, sobretudo no formato de single e explorando relações com os universos da música de dança.
Essas duas pistas (os singles e as danças) estão na verdade já claramente desenhadas no alinhamento de Tenderness, álbum editado ainda em 2017 mas do qual vale a pena dar conta antes que cheguem as primeiras colheitas de 2018. Piscando o olho a trilhos e sabores que foram exploradas por nomes como uns Beloved ou Saint Etienne na alvorada dos noventas, juntam aqui um sentido pop na composição a um encantamento pelas possibilidades que (sobretudo) a assimilação da house e suas periferias abriu à canção. E, num disco que explora tematicamente os efeitos do fim de um relacionamento essencialmente mantido à distância e com ferramentas online, eis que encontramos em Tenderness um álbum de libertação e renascimento, animado por um viço que é festivo mas não esconde uma dor recente.
“Tenderness”, dos Blue Hawaii, está disponível em LP, CD e nas plataformas digitais numa edição da Arbutus Records. ★★★★
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