E há dez anos começávamos a descobrir os MGMT
Texto: NUNO GALOPIM
As atenções estão voltadas sobre o bairro de Brooklyn, em Nova Iorque. Na verdade, a efervescência criativa que ali morava não era coisa com meia dúzia de meses de vida mas, antes, uma realidade com história antiga mas que, mediaticamente, só então começa a ganhar visibilidade transversal.
Depois de nos anos anteriores terem dali sido acolhida com entusiasmo as entradas em cena de uns TV On The Radio, Clap Your Hands Say Yeah ou Au Revoir Simone e de, nos últimos meses de 2007, terem começado a dar que falar entre o panorama indie nomes como uns Yeasayer e Vampire Weekend na berlinda, na alvorada de 2008, passavam a estar também os MGMT. Era um nome para supostamente ler como “management”, mas ninguém se deu ao trabalho. Ficou MGMT.
Revelavam-se como uma dupla que se conhecera nos dias da faculdade. Três anos antes tinham lançardo um EP, que passara longe, bem longe, das atenções globais. Actuaram ao vivo mas, segundo depois relataram, mais não faziam então que uma espécie de karaoke pop, cantando sobre pistas pré-gravadas. Quase se separararam… Mas a tempo encontraram paz e confiança, daí nascendo um álbum que, mesmo dividindo opiniões, acabou mesmo por ser um dos discos a inscrever episódios memoráveis na história pop de 2008.
A chamada de atenção para Oracular Spectacular fez-se, naturalmente, ao som de Time To Pretend, um dos mais viciantes singles pop da primeira década do século XXI. Uma canção de melodismo irresistível, de cenografia narcotizada, sugerindo o que poderiam ser os Flaming Lips se apostassem mais no protagonismo das teclas ou uns Of Montreal com a casa mais arrumada. Depois seguiu-se Kids, com um ainda mais vincado gosto em cruzar dinâmicas da canção pop com as heranças que chamavam ao seu disco de estreia, abrindo ai espaço também a frentes de entusiasmo pela dança. O disco é um verdadeiro caldeirão caleidoscópico de onde brotam canções que, mesmo atordoadas pelos prazeres herdados do grande livro do psicadelismo, nunca perdem os alicerces da forma, mantendo firme a sua identidade pop. Curto, conciso, claro, um manifesto pop feito de prazer e belas canções. Faz dez anos em março… Em janeiro de 2008 era com Time to Pretend que o começávamos a descobrir.
O tempo deu-nos depois a ouvir outros discos que confirmaram nos MGMT uma força pouco dada a seguir a sugestão das receitas de sucesso. Houve até quem tivesse ficado despontado com Congratulations, o seu segundo álbum, editado em 2010 e que, na verdade, mais complexo e desafiante, é no seu todo um álbum talvez mais capaz de resistir à erosão do tempo do que Oracular Spectacular. Veremos… Já o terceiro, MGMT (2013) não foi tão feliz. Para já celebramos os dez anos sobre o momento em que, depois dos seus primeiros passos dados a leste das atenções, o mundo começou a dar pelos MGMT… E, já agora, podemos acrescentar que, em 2018, editarão Little Dark Age, o seu quarto álbum de estúdio.
Aqui ficam as memórias dos telediscos de Time To Pretend e de Kids:
E, porque não, lembrar Flash Delirium do segundo álbum:
E, já agora, um aperitivo do novo álbum a editar este ano:
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