“Moon Safari” faz vinte anos
Texto: NUNO GALOPIM
Em meados dos anos 90 uma movimentação de nomes agitaram as águas da música que se fazia em França e, como não acontecia há muito, gerou uma série de fenómenos que cruzaram fronteiras e comunicaram mais além. Em comum em muitos deles havia um focar das atenções nas eletrónicas, procurando sobretudo o encontrar de dinâmicas de encontro entre as novas formas da música de dança (house e periferias) e ecos de teclados de outros tempos ou o cruzamento com outras formas, das periferias do jazz ao lounge. Entre esses nomes havia uma dupla de Versalhes que começara a lançar singles em 1995, porém, até ali, ainda sem visibilidade maior. Faltava o cartão de visita certeiro para que a sua música chegasse mais longe. E assim foi, em 1998, com um single e um álbum que colocaram o seu nome no mapa, usando como ferramenta de comunicação o facto de serem uma banda francesa… “French band” era, então, um bom sinal de recomendação, está visto… E a verdade é que, depois do impacte do single Sexy Boy, o álbum Moon Safari fez dos Air um caso sério do ano, um episódio decisivo na história da música eletrónica e uma referência maior da música francesa do seu tempo.
O que traziam os Air de tão cativante? Uma música que, mesmo profundamente contemporânea, transportava ecos de memórias. Memórias que se materializavam tanto nas formas das canções (por vezes quase com piscadelas de olho ao progressivo) como na utilização de teclados analógicos que juntavam assim à lista de ingredientes uma série de sabores que abriam janelas no tempo.
Sexy Boy foi um bom cartão de visita. A ele juntaram-se Kelly Watch The Stars e All I Need, singles que asseguraram que o rótulo de “one hit wonder” não seria de todo aplicado aos Air. Na verdade o efeito de encantamento de Moon Safari foi tal que levou mesmo à edição de uma antologia que permitiu recuperar os singles anteriores, lançando assim as bases para uma carreira que acabaria por marcar o panorama pop da viragem do século.
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