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“You Can Dance”: pistas para uma festa com sabor ‘electro’

Texto: NUNO GALOPIM

Editado em 1987 este álbum de remisturas junta temas de discos anteriores ao inédito ‘Spotlight’ para criar uma festa dançante ao sabor de canções de Madonna, servindo ainda de bom retrato de um tempo da ‘club culture’ anterior à explosão mainstream da house.

Apesar de concentrada na construção de uma carreira na pop, Madonna desde cedo manifestou uma clara atenção para com os universos da música de dança. De resto, todo o início do seu percurso discográfico desenhou-se mais perto até de figuras ligadas à cena de dança nova-iorquina da alvorada dos oitentas do que em mais “clássico” terreno pop. Depois de Madonna (1983) os álbuns Like a Virgin (1984) e True Blue (1986) acentuaram a exploração de gramáticas mais focadas na canção pop, aos máxi-singles cabendo então o papel de assegurar a manutenção desse espaço de diálogo com as pistas de dança. E em 1987, num hiato entre dois álbuns de estúdio, Madonna estabeleceu uma ponte entre os dois universos: o dos álbuns e o da música de dança. E assim surgiu You Can Dance.

Ferramenta ainda relativamente recente, a “remistura” estava já presente na obra desde o arranque da sua discografia. Para criar You Can Dance Madonna optou por convocar um “velho” colaborador – John Jellybean Benitez – assim como o produtor Patrick Leonard, com quem havia já trabalhado em True Blue. E entre um alinhamento que recruta temas dos seus discos já editados, juntando de novo o inédito Spotlight (que junta mais um episódio de exploração de tonalidades latinas), estabeleceu-se um alinhamento que cruza as faixas, tal e qual um DJ o faria, aprofundando também aí a relação desta abordagem a lógicas características da club culture.

You Can Dance não é um “best of” de máxis. Mas sim uma peça criada para sugerir uma festa dançante com Madonna como protagonista. As canções são trabalhadas de modo a valorizar as suas secções rítmicas, num esforço de reconstrução que valoriza também uma relação com os universos electro, não expressando ainda marcas de uma revolução que por aqueles dias começava a desenhar-se em cidades como Chicago e Detroit e que, pouco depois, teriam expressão na música de Madonna.

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