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De regresso… E com vontade em dançar

Texto: NUNO GALOPIM

Os Franz Ferdinand regressam aos discos após cinco anos com uma nova formação e uma mais marcante presença de eletrónicas e mais vincada vontade em dançar. Mas sem fugir ao seu modo de fazer canções nem à essência da linguagem através da qual que se deram a conhecer.

Passaram cinco anos sobre Right Here Right Now. E treze sobre You Could Have It So Much Better, aquele que, a par com o álbum de estreia, constituiu o núcleo fulcral e consequente (e podemos acrescentar popular) da discografia dos Franz Ferdinand. Não é inédito estarmos perante bandas que se apresentam com álbuns absolutamente marcantes e geniais e que, depois, desaparecem gradualmente do mapa com discos que, mesmo competentes, não repetem em nada a excelência desses episódios de descoberta. Dos Stone Roses aos House Of Love, entre outros mais, não faltam exemplos. E, de facto, depois daquele ciclo de dois álbuns notáveis editados entre 2004 e 2005, nunca mais os Franz Ferdinand juntaram ideias às suas canções que lhes permitissem outras demandas, outras soluções, outros destinos. E talvez por isso o seu melhor episódio pós-2005 tenha sido o álbum que partilharam com os Sparks sob o nome comum FFS. A saída do guitarrista Nick Currie em 2016 levou os Franz Ferdinand a repensar a sua formação, juntando não apenas um substituto na guitarra (Dino Bardot), mas também Julian Corrie um teclista e guitarrista com experiência de produção na área da música de dança. E assim, com novas ferramentas em jogo, apresentam-se agora com um disco que, mesmo não sendo um espaço de revolução ou mesmo de transformação, revela entre o alinhamento algumas das melhores e mais entusiasmantes canções que o grupo fez desde 2005.

O tema-título de Always Ascending, editado em single como aperitivo ainda em 2017, sugeria sinais de que havia novos ingredientes em jogo e, desde logo, uma mais evidente vontade em sublinhar uma vontade de dançar. Convém lembrar que, mesmo assim, este gosto pela pista de dança nunca abandonou os Franz Ferdinand e não faltaram nunca remisturas para os diversos singles que foram lançando ao longo dos anos. Mas em Always Ascending essa vontade está mais vincada nas versões originais das canções. Ou seja, no álbum. Esse desejo acontece, contudo, no quadro habitual de referências dos Franz Ferdinand, novamente firmado sobre uma base de trabalho pós-punk feita de canções angulosas (de arestas assim definidas por um certo gosto funk), com sensibilidade pop nas melodias, e com uma maior presença de ecos dos oitentas, cortesia de alguns dos temperos eletrónicos agora em cena. Na verdade não muda muito. Apensas recentra rumos nas linhas definidas pelos seus dois primeiros álbuns, continuando a mostrar que são mestres na arte do refrão e, desta vez, com mais insistente vontade em dançar… É o seu melhor disco (sem Sparks) desde 2005. Mas podem ainda fazer melhor se quiserem mudar um pouco mais as peças do seu jogo.

“Always Ascending”, dos Franz Ferdinand, está disponível em LP, CD e nas plataformas digitais numa edição da Domino Records ★★★

1 Comment on De regresso… E com vontade em dançar

  1. Nuno Galopim, não será “Right thoughts, right words, right action” como o álbum antes deste novo em vez de “Right Here Right Now”? Só um pequeno pormenor. Keep up the good work. Abraço. Pedro Couto

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