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Na alvorada dos efeitos digitais

Texto: NUNO GALOPIM

Estreado em 1984, o filme de ficção científica “The Last Starfighter”, de Nick Castle, pode ser recordado como um dos que, juntamente com “Tron”, explorou de forma pioneira a criação digital de efeitos visuais.

O impacte tremendo de Star Wars e Encontros Imediatos de Terceiro Grau, ambos estreados em 1977, gerou uma etapa de entusiasmo pelo cinema de ficção científica. Mas se algumas das novas propostas conheceram orçamentos que permitiram trabalhar ao nível dessas produções maiores, outras houve em que, com outros números mais discretos disponíveis, resultaram em filmes de calibre comparável aos muitos que, nos anos 50, tinham feito dos discos voadores e das ameaças vindas do outro mundo uma presença familiar, sobretudo junto de um público mais jovem.

The Last Starfighter, que entre nós estreou como O Último Guerreiro do Espaço, juntou mesmo assim alguns ingredientes de ousadia, ambos na verdade já antes explorados em Tron (1982): uma trama narrativa que inclui o então emergente universo dos jogos vídeo e um trabalho de criação de imagens usando nova tecnologia digital. De resto, tal como Tron, The Last Starfighter foi um dos pioneiros da utilização de imagens geradas por computador, neste caso empregues na criação das naves, das sequências de batalha e de alguns dos mundos alienígenas visitados pelo protagonista. Tirando esta faceta “aventureira”, na verdade o filme tem hoje um sabor não muito distante do que nos chega de algumas séries Z dos anos 50…

O filme coloca-nos numa pequena comunidade que vive em roulottes algures nos arrabaldes de uma cidade. Uma das estrelas daquele lugar é o jovem Alex, que todos admiram pelas suas atitudes prestáveis e educadas e, também, pela destreza com que joga num jogo vídeo que ali existe. Um jogo de “arcade”, à moda do que então de via em bares e cafés com público jovem. O jogo colocava-o como piloto-guerreiro em missões de combate contra uma armada invasora… Invariavelmente Alex somava grandes vitórias, mal imaginando que, na verdade, o jogo não era senão um dispositivo de recrutamento para uma esquadrilha espacial que, afinal, existia mesmo num outro planeta e que se via a braços com uma possível invasão… Levado até ao centro de recrutamento, Alex vai ser posto perante uma de duas decisões: combater ou voltar ao seu lugar, anónimo, na Terra…

Entre diálogos que só atitudes de culto conseguirão hoje saborear, cenários reais de pechisbeque que contrastam com o esforço pioneiro de criação de imagens geradas por computador, e uma direção de atores pouco ginasticada, o filme não deixa de merecer o seu lugar na memória, sobretudo no fixar dos sonhos futuristas de quem imaginava neste tipo de abordagens ao digital uma possibilidade com futuro na arte dos efeitos visuais.

Outra das razões pelas quais o filme é muitas vezes lembrado é o facto de ter representado o último papel no cinema para o ator veterano Robert Preston, que aqui veste a pele de Centauri, um alienígena que anda por planetas da galáxia em busca de guerreiros para combater contra a tal armada invasora.

A trama narrativa, 35 anos depois, parece coisa que nem um canal de desenhos animados hoje mostraria. Mas, em 1984, parecia coisa estimulante para quem sonhava com viagens no espaço e descobria os jogos vídeo. Não foi assim que aconteceu com tantos outros filmes ao longo dos tempos? O filme teve sucesso na altura e chegou a gerar sequelas no universo dos jogos vídeo. A possibilidade de uma eventual sequela ou remake tem sido colocada ao longo dos tempos, mas ganhou alguns adeptos recentemente.

“The Last Starfigfhter”, de Nick Castle, está disponível numa edição em Blu-Ray

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