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19. Judy Garland (1961)

Texto: NUNO GALOPIM

Uma lista com discos que não costumam figurar nas tabelas mais habituais. Este foi editado em 1961 documentando um concerto que ganhou um peso icónico na história do showbusiness norte-americano, traduzindo também um momento feliz na conturbada vida e obra de Judy Garland.

Entre a vasta discografia de figuras associadas aos universos do cinema musical e a toda uma tradição de escrita, arranjos e abordagens interpretativas que definem relações diretas com os espaços do jazz, da música orquestral e, naturalmente, do teatro, a obra de Judy Garland pode não representar a mais extensa ou até mesmo mais popular. Mas tanto o conturbado perfil biográfico da atriz e cantora (que dela fizeram um ícone muito peculiar) como o facto de ter, com os seus discos e atuações, contribuído para a fixação de abordagens muito pessoais ao grande “songbook” americano, fizeram da sua relação com a música um espaço de referência no universo da cultura popular norte-americana de meados do século XX. Surgido num momento de feliz reencontro com os palcos, a sua atuação no Carnegie Hall, em Nova Iorque, a 23 de abril de 1961, teve um impacte tal que chegou mesmo a ser descrita como a maior noite na história do showbusiness. Editado em disco poucos meses depois, o registo desse concerto ganhou assim um lugar de destaque maior não apenas na obra de Judy Garland mas também das tradições musicais que ali conheciam um episódio particularmente bem sucedido.

O disco é o documento áudio do que aconteceu em palco, mantendo mesmo as sequências de falas que Judy Garland mantém com a plateia, juntando às canções uma dimensão ainda mais pessoal. O alinhamento recolhe canções, algumas delas arranjadas em medleys, que traduzem um olhar panorâmico sobre o grande cancioneiro ligado às tradições do teatro e do cinema musical (não apenas americano, já que Noel Coward é um dos autores revisitados). Judy Garland passa ali por canções cujas memórias se cruzam com palcos e ecrãs, algumas delas tendo feito parte de episódios-chave da sua própria vivência como atriz e cantora como, por exemplo, quando aborda o clássico Zing! Went The Strings Of My Heart, de James F Hanley, que ela tinha cantado nos anos 30 antes do sucesso global obtido em 1939 com O Feiticeiro de Oz do qual aqui não falta, naturalmente, o clássico Somewhere Over The Rainbow.

O disco foi um sucesso enorme e passou mais de 70 semanas na lista de vendas da Billboard, 13 das quais no primeiro lugar. Meses depois arrecadou a vitória em quatro categorias nos Grammys, uma delas a de Álbum do Ano. E em 2006, três anos depois de a Biblioteca do Congresso ter juntado este disco à lista do National Recording Registry (que guarda gravações com um peso histórico, cultural ou estético que traduzam a vida americana), Rufus Wainwright recriou, de fio a pavio, estes concertos no Carnegie Hall (Nova Iorque) e London Palladium, daí nascendo depois registos em disco e DVD aos quais chamou Rufus Does Judy at Carnegie Hall.

“Judy At Carnegie Hall”, por vezes referido com o subtítulo “Judy In Person”, teve edição original em 2LP em 1961, tanto nas versões mono como estéreo, pela Capitol Records, e conheceu reedições ao longo do tempo que mantiveram intacto tanto o alinhamento como recorreram à capa dessa primeira edição. O disco chegou a CD em 1989. Em 2015 houve uma reedição oficial em vinil, uma vez mais pela Capitol.

Da discografia de Judy Garland vale a pena descobrir álbuns como:
“A Star Is Born” (1954)
“Miss Showbusiness” (1955)
“Judy In Love” (1958)

Se gostou, experimente ouvir:
Ethel Merman
Liza Minelli
Doris Day

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